Os líderes do BRICS, que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, discutiram uma ampla gama de temas, resultando em uma declaração conjunta com 134 artigos. Dentre os pontos abordados, destacaram-se a proposta de reformas no sistema de Bretton Woods e uma maior utilização de moedas nacionais no comércio internacional. Essa mudança é vista como um passo significativo em direção à desdolarização das economias envolvidas, permitindo uma maior soberania financeira.
O professor Alexis Habiyaremye, da Universidade de Joanesburgo, ressaltou que a cúpula serve como um divisor de águas nas relações internacionais, ao estabelecer o BRICS não apenas como um bloco econômico, mas como uma força política capaz de influenciar os rumos globais. Ele enfatizou a importância de criar um sistema internacional mais equilibrado, afastando-se da dominação típica das estruturas ocidentais.
Embora o BRICS tenha avançado na construção de uma nova plataforma política, ainda existem desafios a serem superados. Patrick Bond, economista político, observou que a adesão de novos membros, como Egito e Etiópia, enfrenta questões não resolvidas de segurança, ilustrando a complexidade do consenso entre países com interesses divergentes.
Ademais, a desdolarização é vista como uma meta crucial para vários membros do BRICS, pois muitos deles ainda mantêm suas economias atreladas ao dólar americano. A dependência do sistema financeiro dos EUA, exemplificada pela política do Federal Reserve, é considerada uma fonte de instabilidade e desigualdade global. A cúpula de Kazan, portanto, não só promove a unidade entre os países emergentes, mas também sinaliza uma tentativa de redefinir as regras do jogo no cenário internacional, visando uma coexistência pacífica entre diferentes esferas de poder.
Este evento é um reflexo das tensões crescentes entre as potências emergentes e a ordem estabelecida, apontando para uma transformação profunda nas dinâmicas mundiais. O diálogo e a diplomacia emergem como ferramentas essenciais para navegar por essas mudanças sem levar a conflitos desnecessários, reforçando a necessidade de uma abordagem colaborativa para enfrentar os desafios globais contemporâneos.