Na tarde desta terça-feira, um grupo de conselheiros, que até então respaldava Casares, transformou-se em dissidente e assinou um documento que reivindica seu afastamento. Ao todo, já são ao menos 80 conselheiros que apoiam essa medida. Em contrapartida, a oposição havia coletado 58 assinaturas em um primeiro pedido de impeachment, evidenciando a crescente mobilização contra o presidente.
Entre os dissidentes, destacam-se figuras influentes como Carlos Belmonte, ex-diretor de futebol e potencial candidato à presidência nas eleições de 2026, e Vinicius Pinotti, que também foi diretor-executivo do clube. Ambos são considerados nomes fortes para a disputa, especialmente em um clima político tão conturbado. A ruptura de Pinotti com a gestão de Casares se intensificou após a divulgação de investigações conduzidas pela Polícia Civil sobre possíveis desvios em negociações de atletas. Ele e Belmonte fazem parte do grupo Legião, que assina o documento de oposição.
Para que o processo de impeachment avance, o presidente do Conselho Deliberativo, Olten Ayres, deverá convocar uma reunião extraordinária em até 30 dias, depois de receber os pedidos formais. Entretanto, antes disso, o Conselho Consultivo, formado por ex-presidentes e integrantes do Conselho, precisará validar a pauta. Se o impeachment seguir para votação, será necessária a aprovação de dois terços do Conselho Deliberativo — ou seja, 171 votos dos 255 disponíveis — para que Casares seja afastado temporariamente. Posteriormente, uma Assembleia Geral de sócios deve ratificar essa decisão.
Se destituído, o vice-presidente Harry Massis Junior deverá assumir a presidência até as eleições de 2026. Importante ressaltar que no São Paulo, a eleição do presidente é realizada de forma indireta, contando com o voto dos conselheiros.
O clube está passando por um momento financeiro complicado e a coalizão que sustentava Casares está abalada, especialmente depois da saída de Carlos Belmonte. Além disso, a situação se agravou com o vazamento de um áudio que revelou um esquema clandestino de comercialização de camarotes durante shows no Morumbi. Diretores envolvidos na gravação, como Mara Casares e Douglas Schwartzmann, se afastaram de suas funções, enquanto o Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito e o clube instaurou sindicâncias tanto internas quanto externas.
Esses escândalos não apenas aumentaram a tensão dentro do São Paulo, mas também fortaleceram a oposição, abrindo caminho para o pedido de afastamento de Casares. O clima é tenso e as movimentações políticas se intensificam à medida que se projeta o futuro da gestão e das próximas eleições.
