A moção foi proposta pela líder do LFI, Mathilde Panot, após o discurso de Bayrou, que se omitiu de pedir uma votação de confiança, uma prática tradicional que visa demonstrar respeito pelos parlamentares. O governo de Bayrou, assim como os de seus antecessores, optou por não seguir essa tradição, o que levanta questionamentos sobre sua capacidade de governar. Para que a moção de censura seja aprovada, serão necessários os votos de aliados da esquerda, além de apoio de partidos como o de Marine Le Pen.
Até o momento, a iniciativa teve o apoio do número mínimo necessário de 58 parlamentares do LFI, e os verdes também manifestaram intenção de apoiar a moção. Contudo, segundo análises de especialistas, as chances de aprovação são consideradas baixas. Para que a moção seja aprovada, seria necessário o apoio de pelo menos 289 dos 577 deputados, enquanto a combinação atual de apoio alcançaria apenas 175 votos.
A questão da reforma previdenciária se tornou um ponto central de discórdia. Olivier Faure, líder dos socialistas, exige uma revisão da reforma, que aumentou a idade de aposentadoria para 64 anos. Apesar de Bayrou ter sinalizado disposição em negociar, não há certeza se isso será satisfatório para garantir a confiança dos socialistas.
Paralelamente, o partido Reagrupamento Nacional, a principal força opositora, decidiu manter uma postura de observação em relação ao novo primeiro-ministro, esperando suas ações em relação ao orçamento de 2025. A postura de Le Pen pode mudar dependendo da condução do governo, especialmente se a moção de censura ganhar força.
A instabilidade do governo francês também é evidenciada pelo fato de que, em 2024, a França já teve quatro primeiros-ministros, um recorde histórico. As constantes trocas no comando revelam um cenário político tenso e a insatisfação da população. Pesquisas indicam que a maior parte dos franceses não apoia a dissolução do governo atual, embora haja crescente descontentamento com a composição e a eficácia da administração de Emmanuel Macron. Uma nova crise poderia reacender discussões sobre a possibilidade de renúncia do presidente, em um contexto onde a população se mostra cada vez mais cética sobre a efetividade das mudanças propostas.