A maior resistência vem da França, que é a principal produtora agrícola da Europa. O país tem sido um obstáculo significativo para a finalização do tratado nos últimos anos, apresentando preocupações com os impactos que a redução de tarifas sobre produtos agrícolas e industriais pode provocar no mercado interno. Embora as negociações tenham sido concluídas, o texto ainda precisa da aprovação dos parlamentos de ambos os blocos, e essa situação se complica devido à instabilidade política em Paris.
Analistas ressaltam que a política externa na França está concentrada na presidência, com Macron enfrentando desafios para manter o apoio necessário para a sua administração. A crise interna poderá desviar sua atenção de assuntos internacionais, complicando ainda mais as discussões sobre o acordo com o Mercosul. O cenário se agrava com a crescente influência de partidos de extrema direita e de esquerda, que se opõem ao tratado e podem adiar ou até impedir sua aprovação.
O cenário político também se reflete no Parlamento Europeu, onde a fragilidade da posição de Macron pode permitir que setores críticos ao acordo ganhem voz e contribuam para o adiamento das votações necessárias. Além disso, a Itália, sob a liderança de Giorgia Meloni, também apresenta incertezas quanto ao apoio ao pacto, uma vez que o lobby agrícola italiano é igualmente forte e pode criar uma aliança de resistência com a França. Essa possível união entre os dois países deve ser monitorada de perto, pois representa um risco adicional para a conclusão do acordo.
Caso o impasse persista, o Brasil e o Mercosul podem ser forçados a buscar novas parcerias comerciais, ampliando a diversificação de acordos internacionais. Enquanto as negociações permanecem estacionadas, a possibilidade de colapsos nas tratativas para a confirmação do acordo entre Mercosul e União Europeia continua a ser um assunto delicado e complexo no cenário global.