Crise Global: Tarifas dos EUA e Cortes na Ajuda Internacional Comprometem Países Pobres e Objetivos da ONU, Aumentando Desafios em Meio a Dívidas Crescentes.

Crise em Países Pobres: Tarifas dos EUA e Cortes no Apoio Internacional

Os países em desenvolvimento estão enfrentando uma crise sem precedentes, marcada por uma combinação de tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos e cortes drásticos na ajuda internacional. Essa situação ameaça não apenas a estabilidade econômica desses nações, mas também a realização dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela ONU para 2030.

Em um cenário já complicado pela pandemia de COVID-19, as tarifas sobre importações, que podem chegar a 50%, têm um impacto devastador em economias vulneráveis, como Lesoto, Madagascar e Maurício. A situação se agrava com um cenário macroeconômico em que os países estão cada vez mais endividados e lutam para atender às necessidades básicas de sua população.

Pamela Coke-Hamilton, diretora do Centro de Comércio Internacional, enfatizou que essa "tempestade perfeita" é histórica, uma vez que, por norma, o comércio muitas vezes compensava a escassez de ajuda. No entanto, com ambas as frentes em declínio, muitos desses países estão em uma posição crítica. A 4ª Conferência Internacional sobre Financiamento para o Desenvolvimento, que ocorre em Sevilha de 30 de junho a 3 de julho de 2025, busca revitalizar os compromissos internacionais em prol dos ODS. Contudo, a ausência dos Estados Unidos nesta cúpula lança uma sombra sobre as esperanças de um consenso global.

Os cortes orçamentários anunciados pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) são alarmantes, prevendo uma redução de quase 50% até 2026. Não apenas os EUA, mas também nações como França, Alemanha e Reino Unido estão reduzindo suas contribuições, resultando em escassez de recursos para ajudar os mais necessitados e dificultando a atração de investimentos em um momento crítico.

Os especialistas alertam que a cúpula pode se transformar em uma oportunidade perdida para reorientar a agenda de desenvolvimento global. A falta de consenso sobre questões importantes, como a eliminação de combustíveis fósseis e a criação de mecanismos de gestão de dívidas, pode levar à continuidade do quadro atual, prejudicando inconsistências nas políticas globais de ajuda.

Segundo o Relatório Jubilee, mais da metade da população africana vive em países que gastam mais com o pagamento de dívidas do que com financiamento de saúde e educação. Críticos como Joseph Stiglitz abordam a injustiça dos juros cobrados por credores privados, argumentando que são desproporcionais ao risco enfrentado pelas nações em desenvolvimento.

Diante deste contexto, a Câmara de Comércio Internacional propõe reformas que facilitem o financiamento de projetos em países de baixa renda, destacando a necessidade urgente de um novo modelo de assistência que priorize a sustentabilidade e o envolvimento do setor privado. A situação continua a ser crítica e o tempo é um fator essencial nesse debate que define não apenas o futuro econômico, mas também o bem-estar de milhões de pessoas em todo o mundo.

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