Crianças na Colômbia: Grupos Armados Recrutam Menores a Cada Dois Dias em Cenário de Violência

Recrutamento Infantil na Colômbia: Uma Realidade Alarmante

Na Colômbia, o fenômeno do recrutamento de crianças por grupos armados ilegais tem se intensificado a níveis alarmantes. Dados recentes indicam que, em média, um menor é recrutado a cada dois dias. Esses jovens são utilizados tanto em combates como em tarefas logísticas e, muitas vezes, são vítimas de violência sexual.

Recentemente, o país foi abalado por uma série de atentados e confrontos que resultaram na morte de pelo menos 15 menores. Entre as vítimas estavam uma menina de 16 anos que sofreu violência sexual, uma garota de 13 anos e um jovem indígena de 15 anos, ressaltando a vulnerabilidade dessas populações. Esses incidentes, decorrentes das operações militares conhecidas como Beta, reacenderam o debate sobre a relação entre o Direito Internacional Humanitário e o uso da força estatal contra os chamados Grupos Armados Organizados (GAOs).

O ministro da Defesa da Colômbia afirmou que todos os membros desses grupos são considerados alvos militares. Contudo, o quanto isso impacta a segurança das crianças e adolescentes envolvidos requer uma análise mais profunda. Os dados da Defensoria Pública colombiana revelam que, em 2024, pelo menos 625 crianças e adolescentes foram forçados ou enganados a se unir a grupos ilegais. Só neste ano, já foram registrados 162 casos.

As facções dissidentes, especialmente aquelas ligadas ao grupo de Iván Mordisco, são responsáveis por uma parcela significativa desses recrutamentos. Além disso, crianças afro-colombianas e indígenas representam a maioria das vítimas nas regiões mais afetadas, como Cauca, Antioquia e Chocó. A dificuldade de quantificar esses números é exacerbada pelo fato de que muitas famílias, temendo represálias, não denunciam o recrutamento.

Organizações internacionais, como a ONU, documentaram casos de crianças enganadas através de falsas ofertas em redes sociais ou interceptadas em estradas que levam a escolas usadas como centros logísticos por grupos armados. Relatos de meninas submetidas a escravidão sexual e jovens forçados a lutar revelam a gravidade dessa crise. A defensora pública Iris Marín destacou a necessidade urgente de regulamentar as redes sociais, já que muitos recrutamentos se dão por meio de propostas enganosas veiculadas nessas plataformas.

Desde a assinatura do acordo de paz com as FARC em 2016, aproximadamente 1.494 menores foram vítimas de recrutamento forçado. Com mais de 18.000 crianças exploradas por grupos armados nas últimas cinco décadas, as organizações humanitárias alertam que esses dados refletem apenas uma fração de um problema persistente que continua a afetar as áreas mais vulneráveis do país. O recrutamento infantil na Colômbia se tornou não apenas uma questão de segurança, mas uma grave violação dos direitos humanos, clamando por ação tanto a nível nacional quanto internacional.

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