Esse estudo surge em um momento crucial, pouco antes do lançamento do serviço de mototáxi em São Paulo, programado para o dia 11 de dezembro, serviço este que será oferecido pelas plataformas Uber e 99. A nota técnica do Ipea identifica um perfil predominante nas vítimas: em sua maioria, homens jovens, pardos e com baixa ou média escolaridade, o que sugere que muitos pertencem a camadas socioeconômicas mais desfavorecidas. Entre 2005 e 2024, mais de 75 mil pessoas dessa faixa etária perderam a vida em acidentes de moto, e o mesmo número de internações foi registrado, refletindo a gravidade da situação.
O relatório ainda ressalta que cerca de 90% das vítimas têm, no máximo, o ensino médio, indicando uma tendência que liga a baixa escolaridade à vulnerabilidade no mercado de trabalho. Muitas dessas pessoas, com pouca formação, acabam se tornando motoristas de aplicativos, expondo-se ainda mais a acidentes. Os dados do Ipea também revelam que, em termos de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS), os acidentados com motocicletas representaram 60% do total, um número que é desproporcional quando comparado à frota de automóveis, que é quase três vezes maior.
Além disso, os gastos do SUS com os tratamentos decorrentes desses acidentes tiveram um aumento significativo, subindo de R$ 41 milhões em 1998 para R$ 273 milhões em 2024, e a tendência é de que esse número continue a crescer. O cenário apresentado pelo Ipea serve como um alerta sobre a necessidade de medidas efetivas para a segurança no trânsito e a conscientização dos motoristas.
