Nos últimos meses, pelo menos 15 menores perderam a vida em três atentados a bomba e em um confronto entre as Forças Armadas e acampamentos de dissidentes liderados por Iván Mordisco. Entre as vítimas, destacan-se uma adolescente de 16 anos, que sofreu violência sexual, e uma jovem indígena de 15 anos, cujos nomes se somam a uma lista trágica que expõe a vulnerabilidade da juventude diante da criminalidade. Esses eventos trágicos, que ocorreram durante operações militares conhecidas como Beta, acenderam um debate sobre a linha tênue entre o Direito Internacional Humanitário e a legitimidade do uso da força por parte do Estado contra grupos armados.
O ministro da Defesa da Colômbia afirmou que todos os integrantes desses grupos são considerados alvos militares. Contudo, essa postura levanta questionamentos sobre os impactos das operações militares no recrutamento de menores. A Defensoria Pública colombiana aponta que, atualmente, uma criança ou adolescente é recrutado a cada dois dias, um número que provavelmente é subestimado devido ao medo das famílias em denunciar essas práticas. Somente em 2024, 625 menores foram forçados ou enganados a ingressar em organizações armadas.
As facções dissidentes do Estado Mayor Central são responsáveis por 41% dos recrutamentos. As crianças indígenas e afro-colombianas são as mais afetadas, principalmente nas regiões de Cauca, Antioquia e Chocó. Além das dificuldades em quantificar o problema, relatos indicam que muitas vítimas não estavam registradas oficialmente como recrutas, o que complica ainda mais a situação.
A Organização das Nações Unidas (ONU) também documentou casos de crianças enganadas por promessas ilusórias em redes sociais ou interceptadas em estradas próximas a escolas rurais, que frequentemente são utilizadas como centros logísticos por esses grupos. A defensora pública Iris Marín enfatizou a necessidade de regulamentação das redes sociais, onde muitas vezes esses recrutamentos ocorrem, alertando para a resistência das plataformas em colaborar com essa regulamentação.
Os relatos incluem meninas forçadas a se submeter a escravidão sexual e jovens obrigados a combater. Para agravar a situação, as famílias dos jovens também enfrentam ameaças e deslocamentos forçados, tornando praticamente impossível qualquer tentativa de recuperar seus filhos.
Desde o acordo de paz firmado com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) em 2016, 1.494 menores foram vítimas de recrutamento forçado, enquanto mais de 18 mil crianças e adolescentes foram explorados em cinco décadas de conflito. Organizações humanitárias alertam que esses números representam apenas uma fração de uma crise persistente que continua a afetar as áreas mais vulneráveis do país, tornando urgente a necessidade de ações efetivas para proteger essa população ameaçada.









