CPMI do INSS Ouve Advogado Envolvido em Escândalo de Desvios e Apreensão de Bens de Luxo Após Operação Sem Desconto

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) ouve hoje, 6 de outubro, o advogado Fernando Cavalcanti, um dos principais alvos da Operação Sem Desconto. Ele é o CEO da Valestra, uma empresa prestadora de serviços administrativos e está sendo investigado em meio a um escândalo que envolve fraudes no sistema previdenciário.

O escândalo, que ganhou notoriedade em dezembro de 2023, revelou uma série de irregularidades relacionadas aos descontos de mensalidade impostos a aposentados, resultando em uma arrecadação de R$ 2 bilhões em um único ano. As investigações indicam que diversas associações estão sendo processadas por fraudes nas filiações de segurados, levando a ações por parte da Polícia Federal e da Controladoria-Geral da União.

A CPMI tem trabalhado intensamente neste caso e, a partir das reportagens que desencadearam as investigações, foram coletadas evidências que culminaram na Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril. A operação resultou na demissão de figuras-chave, como o presidente do INSS e o ministro da Previdência. Em uma operação recente, a polícia apreendeu na residência de Cavalcanti, localizada em um dos bairros mais nobres de Brasília, não apenas coches de alto valor, incluindo uma Ferrari e uma réplica de um carro de Fórmula 1, mas também itens de luxo como relógios e uma quantia significativa de dinheiro.

Além de sua atuação na Valestra, Cavalcanti já foi vice-presidente do escritório NW Advogados, ligado ao advogado Nelson Willians, e é considerado um operador financeiro de Maurício Camisotti, um empresário controverso que teria se beneficiado dos desvios. A audiência de Cavalcanti acontece em um momento delicado para a CPMI, que recentemente decretou a segunda prisão de uma testemunha.

Carlos Roberto Ferreira Lopes, presidente da Confederação Nacional dos Agricultores Familiares e Empreendedores Familiares Rurais, foi detido por falso testemunho, o que levanta a questão da veracidade das informações sendo trazidas ao colegiado. O presidente da CPMI, senador Carlos Viana, destacou as dificuldades enfrentadas para convocar pessoas para depor e anunciou que, se necessário, solicitará conduções coercitivas para garantir a comparecimento das testemunhas, refletindo a resistência de alguns indivíduos ligados ao INSS, apontados como receptores de proventos ilegais.

Esse cenário complexo e recheado de controvérsias parece estar longe de uma resolução rápida, evidenciando os desafios da CPMI em sua investigação minuciosa sobre as irregularidades que afetam o sistema previdenciário no Brasil.

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