Durante seu depoimento, Ana Amelia também afirmou que, desde que assumiu a secretaria, não trouxe nenhuma pessoa de outros setores que não fossem o público. Além disso, ela explicou que solicitou o afastamento dos conselhos em que participava assim que foi confirmado seu convite para a secretaria. Ana Amelia também ressaltou que todas as formalidades jurídicas foram cumpridas.
Os senadores Plínio Valério (PSDB-AM), presidente da CPI, e Marcio Bittar (União-AC), relator no colegiado, criticaram a ocupação de ex-diretores de ONGs em cargos públicos ou em universidades. Eles classificaram essa prática como eticamente questionável e promíscua. Bittar afirmou que é grave pessoas que fazem parte de ONGs irem para o governo e influenciarem em políticas públicas e na distribuição de recursos.
Plínio Valério sugeriu formas de coibir essa prática, propondo que seja estabelecido um período de quarentena para ex-diretores ocuparem cargos públicos. Ele destacou que essa prática é comum para as pessoas que vêm do setor privado, porém não é normal para aqueles que estão no setor público.
Durante a sessão, os parlamentares também questionaram Ana Amelia sobre as entregas das ONGs às populações amazônicas. O senador Jaime Bagattoli (PL-RO) apontou a falta de estrutura adequada na região Norte como um problema que ainda precisa ser solucionado.
Ana Amelia, por sua vez, enfatizou a importância das organizações de sociedade civil, governo e empresas trabalharem de forma complementar. Ela mencionou projetos apoiados pelas ONGs em que ela participou, como o Amaz, que incentiva negócios na região amazônica liderados por mulheres e ribeirinhos, e a empresa 100% Amazônia, que transforma recursos naturais em produtos industrializados de qualidade.
No entanto, Marcio Bittar considerou esses projetos insuficientes para atender às necessidades de desenvolvimento da região amazônica e criticou a falta de reprodução desses exemplos para toda a população local.
Os participantes da CPI também concordaram sobre a necessidade de os países desenvolvidos recompensarem os países mais pobres pela preservação de suas florestas. Ana Amelia destacou que o Brasil tem cobrado das nações que se comprometeram na Cúpula do Clima de Paris, em 2015, a financiar com US$ 100 bilhões os países em desenvolvimento. No entanto, ela ressaltou que o Brasil não deve depender desses pagamentos para avançar em suas ações ambientais, mas sim liderar pelo exemplo.
O senador Marcio Bittar criticou a Noruega por arrecadar recursos com a exploração de petróleo, sendo ao mesmo tempo o maior doador do Fundo Amazônia. Ele classificou essa situação como uma “hipocrisia monumental”. Já o senador Jaques Wagner (PT-BA) amenizou a relação da Noruega com combustíveis fósseis, argumentando que a empresa está tentando fazer programas que contribuam para a transição energética.
Por fim, foi aprovado um requerimento que solicita ao Banco Central informações sobre o recebimento de recursos pelo Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e outras ONGs desde os anos 2000. A CPI das ONGs continuará seus trabalhos, propondo alterações legislativas ao final de suas investigações, em 23 de outubro.