Em uma comunicação oficial, os Correios destacaram que na próxima reunião apresentarão propostas concretas para revisar cláusulas econômicas e benefícios, além de abordar questões operacionais essenciais, como a distribuição domiciliar e a reconfiguração da carga. O ACT atual já havia vencido em julho e tem sido prorrogado desde então. Inicialmente, havia expectativa de que as negociações se encerrassem até o final de setembro, mas a recente mudança na liderança da empresa e a crise de liquidez dificultaram o progresso.
O acordo coletivo discute a reposição da inflação nos salários, um reajuste no vale-alimentação e uma atualização da gratificação de férias, atualmente fixada em 70%. Cerca de 70 cláusulas sociais e econômicas estão em pauta. A empresa alertou que a atual situação financeira requer extremo cuidado, dado que uma possível greve poderia agravar ainda mais sua condição: “Uma paralisação agora poderia impactar não apenas a empresa, mas também os trabalhadores e a população”.
Sindicalistas já demonstraram disposição para paralisar atividades caso as negociações não avancem. O presidente dos Correios, Emmanoel Rondon, tem se abstido de entrar em detalhes sobre o plano de reestruturação, que inclui medidas que podem ser impopulares, buscando manter um clima de diálogo. Ele enfatiza a necessidade de fortalecer a instituição, mas reconhece a possibilidade de revisar benefícios.
O especialista em finanças corporativas, Daniel Pecanka, pontua que os altos custos com pessoal têm se tornado um peso significativo. Os dados do terceiro trimestre indicam um aumento de 6,9% nas despesas relacionadas a funcionários, somando R$ 8,3 bilhões até setembro deste ano. Além disso, os precatórios também apresentaram um aumento alarmante de 337%, atingindo R$ 2,1 bilhões.
Pecanka também alerta sobre os atrasos nos pagamentos a fornecedores, a salários e encargos, que totalizam R$ 3,2 bilhões. Também foi mencionado que o perfil da dívida da empresa é preocupante; o último empréstimo, de R$ 1,8 bilhão, tem uma taxa de juros efetiva de 25,67% ao ano. Com ênfase na gravidade da situação financeira, o analista sugere que uma abordagem mais cautelosa em relação aos empréstimos poderia ajudar, argumentando que a captação de R$ 20 bilhões em um único movimento poderia revelar-se excessiva.
Essa complexa situação financeira dos Correios, somada às pressões por melhorias nas condições de trabalho e compensações salariais, faz com que o futuro da estatal pareça cada vez mais desafiador. A necessidade de um equilíbrio entre a saúde financeira da empresa e a valorização dos trabalhadores se torna um tema crucial nas discussões que se avizinham.









