Durante a crise política que se intensificou com a chegada do ex-presidente Lula ao poder, o coronel Criscuoli foi gravado expressando opiniões alarmantes sobre a situação no país. Em um áudio que foi divulgado durante a investigação, ele afirmou que a eleição de Lula poderia levar ao desencadeamento de uma guerra civil. “Na realidade, vai ser guerra civil agora ou vai ser guerra civil depois. A guerra civil agora tem uma justificativa, o povo tá na rua, e nós temos aquele apoio maciço”, disse o militar a um colega, evidenciando um clima de descontentamento e tensão entre os apoiadores do governo.
Ainda segundo a polícia, a pesquisa sobre Criscuoli foi solicitada por um grupo que fazia parte do “Gabinete” do governo, em um momento em que se investigava denúncias de corrupção relacionadas à compra de vacinas durante a pandemia. O coronel, na época, atuou como um intermediário entre o governo federal e um policial que denunciou a cobrança de propinas na compra de vacinas. Este policial, Luis Paulo Dominghetti, alegou que havia exigências de pagamento de US$ 1 por vacina, uma acusação que foi prontamente negada pela empresa a qual ele dizia representar, a Davati Medical Supply.
As revelações sobre Criscuoli e a Abin Paralela trazem à tona questões sobre a utilização de tecnologias de monitoramento para fins políticos e éticos. Com a escalada do descontentamento social e político no Brasil, o caso continua a ser uma fonte de debate sobre os limites da atuação do governo e as conseqüências que isso pode ter para a estabilidade da democracia no país. A investigação da Polícia Federal, que continua em andamento, promete trazer novas informações e desdobramentos sobre essa trama que envolve figuras de destaque no cenário político brasileiro.