Em um encontro realizado pela Associação de Correspondentes Estrangeiros, Corrêa do Lago expressou sua preocupação com a “sensação de revolta” entre as nações em desenvolvimento. Muitos delegados dessas nações afirmaram que os preços altos e considerados “extorsivos” estão comprometendo suas capacidades de comparecimento ao evento. O diplomata destacou que a situação se agravou após uma declaração do negociador africano Richard Muyungi, que revelou que ao menos alguns países já solicitaram formalmente a mudança da conferência para outra cidade.
Os relatos indicam que, em alguns estabelecimentos, o preço das diárias foi multiplicado por 15 vezes em relação ao valor usual. Essa prática tem gerado um clima de mal-estar diplomático, levando a um aumento nas demandas para que a conferência seja transferida para uma localidade onde os custos sejam mais razoáveis. O embaixador Corrêa do Lago mencionou que, enquanto em outras cidades onde ocorrem Conferências da ONU os preços dobram ou triplicam, em Belém a situação é ainda mais crítica, com tarifas que superam em dez vezes os valores normais.
A Casa Civil do Brasil está formando um grupo de trabalho com o objetivo de dialogar com o setor hoteleiro e tentar encontrar soluções, embora a legislação brasileira não permita a imposição de limites aos preços praticados. Isso gera um impasse, onde a negociação se torna a única alternativa viável.
A COP 30 será a primeira conferência climática da ONU a ser realizada na Amazônia e está prevista para reunir chefes de Estado, ministros e diplomatas de mais de 190 países, além de milhares de representantes da sociedade civil. A logística para acomodar até 45 mil participantes está em andamento, incluindo a garantia de navios de cruzeiro que oferecerão leitos adicionais, mas mesmo essas opções ainda podem estar acima do que algumas delegações, especialmente de nações mais pobres, podem pagar.
Enquanto as autoridades brasileiras se comprometem a encontrar soluções acessíveis, relatos de diversas nações destacam que a alta dos preços ainda pode forçá-las a reduzir a quantidade de delegados enviados, ou até mesmo a não participar do evento. A situação continua a ser monitorada, com reuniões emergenciais ocorrendo para abordar as preocupações logísticas e operacionais diante desse cenário desafiador.