COP30 em Belém: Gastos Elevados e Críticas Estruturais
A realização da COP30 em Belém já apresenta um impacto financeiro significativo, com gastos que superam R$ 787,2 milhões e projeções que indicam uma despesas totais acima de R$ 1 bilhão. Essa cifra representa um aumento de cerca de 20% em relação ao valor inicialmente estimado. As verbas estão sendo alocadas para diversas áreas, incluindo segurança e infraestrutura, com a participação de órgãos como a Polícia Federal e as Forças Armadas.
Um dos contratos mais controversos envolve a Organização dos Estados Ibero-Americanos (OEI), que foi contratada sem processo licitatório por um montante de R$ 480 milhões, destinado à montagem das zonas azul e verde do evento. A zona azul, considerada o coração da conferência, enfrenta uma série de problemas estruturais, como falhas no ar-condicionado, situações de calor excessivo, banheiro com falta de água e até goteiras em pavilhões.
A Confederação das Nações Unidas enviou uma comunicação ao governo brasileiro, expressando preocupações sobre as condições adequadas para os delegados e participantes. Em resposta, a Secretaria de Comunicação da Presidência destacou que possíveis não conformidades contratuais podem levar a sanções às empresas envolvidas na infraestrutura.
Até o momento, já foram autorizados pagamentos que somam R$ 877,2 milhões. Além disso, o Brasil destinou US$ 7,2 milhões, equivalentes a R$ 38,2 milhões, à UNFCCC, que é o braço da ONU que supervisiona as COPs, para cobrir despesas relacionadas à comunicação e logística.
Apesar de o orçamento comprometido com a montagem da zona azul ter sido estimado em R$ 423,5 milhões, os problemas persistem. A empresa responsável, DMDL, firmou um contrato no valor de R$ 182,6 milhões, dos quais R$ 112,9 milhões já foram quitados. A execução do projeto é criticada, com exigências que foram descritas como básicas, incluindo a necessidade de banheiros adequados e estruturas impermeáveis.
Enquanto o governo afirma que as questões estão sendo monitoradas e corrigidas, especialistas em eventos do porte da COP30 destacam que ajustes são comuns, mas a magnitude e a frequência das falhas levantam questionamentos sobre a gestão dos contratos. O Tribunal de Contas da União também manifestou sua preocupação, questionando a falta de justificativas para a contratação sem licitação.
A estrutura da COP30 é alvo de escrutínio não apenas por suas deficiências, mas também pelo elevado custo que implica em um evento que deveria simbolizar avanços concretos nas discussões sobre mudanças climáticas. O Brasil, ao receber uma cúpula tão importante, é desafiado a demonstrar sua capacidade de organização e compromisso com a sustentabilidade global.
