Além das prisões, foi determinado o bloqueio de mais de 350 mil euros, equivalente a mais de R$ 2,1 milhões, e de bens de nove empresas atuantes nos setores imobiliário e de restauração em diferentes países, incluindo o Brasil.
Essas prisões são desdobramentos da Operação Arancia, deflagrada em Natal no dia 13 de agosto, que mirou o braço da Cosa Nostra atuante no Brasil. A Cosa Nostra é conhecida como uma das organizações mafiosas mais poderosas da Itália e também opera em território brasileiro, especialmente no Rio Grande do Norte e na Paraíba.
No Brasil, o empresário italiano Giuseppe Bruno, considerado um dos chefes da organização, foi preso durante a Operação Arancia. De acordo com informações divulgadas pela Procuradoria, a máfia italiana estava utilizando empresas fantasmas e laranjas para facilitar a movimentação e a ocultação de fundos ilegais obtidos por meio de atividades criminosas internacionais.
Estima-se que a ramificação da Cosa Nostra no Brasil tenha lavado cerca de R$ 300 milhões em capitais ilícitos desde 2009, com o objetivo de investir em propriedades e infiltrar-se nos mercados imobiliário e financeiro do país. As autoridades italianas apontam a atuação conjunta de Giuseppe Calvaruso e Giuseppe Bruno no esquema criminoso, com o valor total dos ativos investidos podendo superar 500 milhões de euros, equivalente a mais de R$ 3 bilhões.
Essa ação foi resultado do trabalho da Equipe Conjunta de Investigação (ECI), formada por membros do Ministério Público Federal, da Polícia Federal brasileira, da Procuradoria de Palermo e da Polícia italiana, com apoio da Eurojust. A criação da equipe seguiu as regras da Convenção de Palermo, principal instrumento global de combate ao crime organizado transnacional.
No Brasil, as investigações são conduzidas pela unidade do Ministério Público Federal no Rio Grande do Norte. No mês passado, a Procuradoria em Natal denunciou três italianos e seis brasileiros por envolvimento com a máfia italiana em crimes de organização criminosa internacional e lavagem de dinheiro. Dois líderes da Cosa Nostra, Giuseppe Calvaruso e Pietro Lagodana, já estão presos, enquanto o terceiro, Giuseppe Bruno, permanece detido no Brasil, juntamente com outros membros da organização.