Consultas Populares nas Eleições Municipais Permitem Decidir Bandeiras, Passe Livre e Nomes de Cidades

Nas eleições municipais deste ano, algumas cidades brasileiras reservam uma novidade para seus eleitores: a oportunidade de participar de consultas públicas e plebiscitos, decisões que vão além da escolha de prefeitos e vereadores. Esses mecanismos, apesar de ainda pouco comuns no Brasil, são previstos na Constituição Federal e têm o objetivo de promover uma maior participação da população em temas relevantes para os municípios.

Em Belo Horizonte, os eleitores terão a chance de decidir sobre a adoção de uma nova bandeira para a cidade. A proposta apresenta uma mudança significativa em relação ao símbolo atual. A bandeira em vigor possui fundo branco com o brasão da cidade ao centro, enquanto a nova sugere uma imagem estilizada de uma serra com o sol no horizonte e um céu azul ao fundo. O engenheiro Bernardo Aleixo destaca a importância dessa consulta, embora critique a falta de divulgação sobre o assunto, que poderia engajar mais a população no processo.

Outro exemplo é São Luís, no Maranhão, onde os eleitores poderão votar pela implementação do passe livre estudantil, um benefício que, caso aprovado, precisará ser regulamentado pela Câmara dos Vereadores a partir de 2025. O professor Franklin Douglas, um dos organizadores do abaixo-assinado que viabilizou o plebiscito, enfatiza a relevância dessa decisão para os estudantes da cidade, refletindo uma demanda popular significativa.

Já em São Luiz de Anauá, Roraima, os eleitores enfrentarão uma escolha que remonta à identidade do município: decidir se a cidade deve trocar de nome. Esta consulta ressalta a busca por uma identidade que represente mais fielmente os cidadãos e a história local.

Valdir Pucci, cientista político, argumenta que o baixo número de consultas públicas no Brasil é um reflexo de um problema cultural que limita a participação popular nas decisões políticas. Ele aponta que, apesar de serem comuns em diversas democracias ao redor do mundo, os plebiscitos e referendos ainda não ganharam grande espaço no cenário brasileiro.

Para que uma consulta pública ocorra, é necessário um processo específico conforme a legislação. Primeiro, a consulta deve ser aprovada pela Câmara dos Vereadores da cidade. Em seguida, o pedido precisa ser encaminhado aos tribunais regionais eleitorais com uma antecedência mínima de 90 dias antes do primeiro turno das eleições, que neste ano será realizado em 6 de outubro.

Essas iniciativas promovem não apenas a democratização das decisões municipais, mas também incentivam a participação ativa dos cidadãos nas questões que impactam suas vidas diretamente. À medida que mais cidades adotam consultas públicas e plebiscitos, há uma esperança de que a prática se torne mais frequente e envolva de maneira mais profunda a população nas decisões sobre o futuro de seus municípios.

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