Conselho de Segurança da ONU discute disputa entre Venezuela e Guiana pelo território de Essequibo em reunião de “urgência”.

O Conselho de Segurança da ONU reuniu-se na última sexta-feira, 8, em uma reunião de “urgência” para abordar a disputa territorial entre a Venezuela e a Guiana pelo território de Essequibo. Este território, situado em uma região rica em petróleo, tem sido alvo de disputa entre os dois países por mais de um século, gerando preocupação na comunidade internacional.

A reunião, que foi solicitada pela Guiana, ocorreu a portas fechadas e terminou sem que fossem feitas declarações ou comunicados. O governo de Georgetown alegou que as recentes ações adotadas por Caracas em Essequibo representam uma ameaça à paz e à segurança internacionais, o que justificaria a intervenção do Conselho de Segurança da ONU.

Essa tensão tem se intensificado desde 2015, quando a empresa petrolífera norte-americana ExxonMobil descobriu vastas reservas de petróleo na região. No mês passado, a Venezuela realizou um plebiscito, no qual mais de 95% dos eleitores aprovaram a criação de uma província venezuelana em Essequibo, assim como a concessão da nacionalidade venezuelana aos 125 mil habitantes da área disputada.

A Venezuela argumenta que Essequibo faz parte do seu território, baseando-se em tratados e acordos anteriores à independência da Guiana do Reino Unido. Por outro lado, a Guiana defende uma sentença de 1899 e busca a ratificação dessa decisão pela Corte Internacional de Justiça, apesar da objeção de Caracas à jurisdição da CIJ.

Paralelamente, os Estados Unidos anunciaram exercícios militares na Guiana na semana passada, o que foi classificado pelo ministro da Defesa da Venezuela como uma “provocação infeliz”. A Rússia pediu um “espírito de boa vizinhança” para resolver o conflito pacificamente, enquanto o Brasil reforçou sua presença militar nas fronteiras com a Guiana e a Venezuela.

Além disso, o governo venezuelano também tem sido acusado de buscar ações para desviar a atenção da opinião pública da crise política e econômica do país, especialmente em meio à proximidade das eleições. O president da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou planos de conceder licenças para extração de petróleo nas águas disputadas, em uma tentativa de reforçar o nacionalismo do país.

Diante desse cenário, analistas afirmam que o aumento das tensões entre Venezuela e Guiana e a recente retórica nacionalista promovida por Maduro podem ser interpretados como uma tentativa de desviar a atenção dos problemas internos e de buscar apoio popular para as eleições futuras.

Em resumo, a disputa por Essequibo representa um desafio tanto para os dois países envolvidos quanto para a comunidade internacional, que busca uma solução pacífica para essa questão territorial que já se arrasta por mais de um século. A mediação de organismos internacionais e a busca por um diálogo construtivo são essenciais para evitar que essa disputa se transforme em um conflito armado na América do Sul.

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