Conflito entre Túnel Santos-Guarujá e Aeroporto gera preocupações sobre limitações nas operações aéreas em nova audiência pública. Soluções são discutidas para evitar prejuízos.

Os projetos de construção do túnel Santos-Guarujá e do Aeroporto Civil metropolitano de Guarujá, localizado em Vicente de Carvalho, na Baixada Santista, se encontram em um impasse significativo. Steven Meier, brigadeiro e subdiretor de engenharia da Aeronáutica, expressou preocupações durante uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados no dia 8 deste mês. De acordo com Meier, o traçado do túnel, que se entrelaça com a área da Base Aérea de Santos, poderá comprometer a expansão das operações do aeroporto, especialmente no que se refere à ampliação da pista, atualmente com 1.390 metros.

A intenção de receber aeronaves de maior porte no aeroporto está diretamente em risco, uma vez que o túnel, em sua configuração atual, poderia se tornar um obstáculo para a aproximação da pista. “O projeto, como concebido, limita as operações e poderá necessitar realinhamentos significativos para evitar impactos negativos no funcionamento do aeroporto”, advertiu Meier na Comissão de Viação e Transportes.

O aeroporto, que está em fase avançada de construção, espera iniciar operações comerciais no primeiro semestre de 2026, com suas obras iniciais, incluindo a pista principal, programadas para estar concluídas até o primeiro semestre de 2025. Entretanto, a construção do túnel deve ser reavaliada para evitar possíveis restrições operacionais. “Não inviabiliza a operação, mas a necessidade de recuar a cabeceira poderá impedir que certas aeronaves operem”, enfatizou o brigadeiro.

Para prevenir futuros conflitos, Meier propôs um diálogo entre todos os envolvidos nos respectivos projetos, com a possibilidade de ajustes no percurso do túnel que não impliquem custos adicionais. Ele apresentou um plano que sugere a criação de uma nova via de acesso à base aérea e um terminal portuário, ambas como contrapartidas para o uso da área, almejando uma melhor integração e agilidade no tráfico de passageiros e cargas.

Além disso, a Prefeitura de Guarujá destacou que a Infraero já havia proposto adequações no aeroporto e está atenta à situação. Até o momento, a Prefeitura não emitiu uma declaração oficial sobre o conflito entre os projetos.

O túnel Santos-Guarujá, previsto para ser o primeiro túnel imerso da América Latina, possui uma profundidade de 21 metros e uma extensão de 860 metros, com custo total orçado em R$ 6,8 bilhões, financiados por um consórcio entre a União, governo estadual e iniciativa privada. Com previsão de operação até 2031, a travessia deve levar menos de um minuto e meio, beneficiando tanto veículos quanto pedestres. A empresa portuguesa Mota-Engil foi a escolhida para realizar a obra, com a assinatura do contrato em andamento e expectativa de um desenvolvimento significativo para a região.

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