Essa situação evidenciou a crescente tensão entre o Estado e seus próprios servidores. Ao invés de promover o diálogo e buscar soluções pacíficas, o governo optou por enfrentar a própria força de segurança, revelando uma estratégia problemática que atenta contra a união entre instituições essenciais. Essa ação não apenas expõe a falta de compromisso da administração pública com a valorização do funcionalismo — especialmente de profissionais que arriscam suas vidas diariamente — mas também cria um clima de insegurança generalizada, prejudicando a imagem das instituições.
O Sindicato dos Policiais Civis de Alagoas (Sindpol) não hesitou em manifestar sua indignação. Em uma nota oficial, o órgão criticou a atitude do secretário de Segurança Pública, Flávio Saraiva, chamando sua postura de omissa e indiferente em relação às demandas da categoria. O sindicato classificou como “irresponsável e autoritária” a decisão de acionar a PM contra aqueles que, por dever, deveriam ser aliados na luta pela valorização da profissão.
O contexto dessa mobilização remete a uma reivindicação mais ampla: desde 2023, o Sindpol negocia com o governo a implementação de uma majoração da carga horária, decorrente de um aumento que ocorreu em 2006. Embora mais da metade dos policiais civis já tenha conquistado judicialmente o direito à compensação por essa mudança, o governo ignora as demandas, perpetuando a insatisfação na categoria.
Ao tentar deslegitimar o protesto e rotular os manifestantes como uma ameaça ao equilíbrio fiscal do Estado, o governo ignora não apenas as conquistas judiciais, mas também a indignação acumulada ao longo de quase duas décadas de desconsideração das necessidades dos servidores. Essa desapreciação das forças de segurança gera um ciclo vicioso que pode trazer consequências graves para a segurança pública e a confiança nas instituições.