Os ministros Barroso e Fux sugeriram que as acusações de golpe de Estado e a tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito poderiam ser vistas como delitos análogos. Dessa forma, a tipificação do crime mais grave absorveria o menos grave, fazendo com que a pena de Bolsonaro, que atualmente é de 27 anos, fosse reduzida para 21 anos. A proposta buscava uma harmonização entre as penas aplicadas, mas foi prontamente rejeitada por Moraes.
Moraes argumentou que os crimes em questão são distintos e não podem ser tratados de maneira equivalente. Para ele, a tentativa de realizar um golpe de Estado atua em um âmbito diferente da tentativa de abolir o Estado Democrático de Direito. Ele enfatizou, em conversas privadas, que a maioria da Corte já adotou essa separação em julgamentos passados, o que torna a interpretação dos ministros Barroso e Fux, em sua visão, inconsistente com precedentes.
Esse embate entre os ministros do STF ressalta as tensões internas da Corte, à medida que os membros discutem a aplicação de entendimentos jurídicos em casos que envolvem eventuais distúrbios à ordem democrática. A questão das penas e as responsabilidades dos condenados pelo tumulto de 8 de janeiro continuam a ser um tema candente, revelando a complexidade dos desafios enfrentados pelo Judiciário brasileiro na busca por justiça e coesão social. O desenrolar dessa discussão deve ser acompanhado de perto, uma vez que decisões futuras terão impactos significativos não apenas sobre os envolvidos, mas também sobre a sociedade como um todo.