Conflito entre indígenas e agricultores em Mato Grosso do Sul deixa feridos
Um violento confronto envolvendo agricultores e indígenas Guarani e Kaiowá foi registrado no sábado, 3 de dezembro, na região de Douradina, no Mato Grosso do Sul. Pelo menos dez indígenas ficaram feridos, sendo que dois deles estão em estado grave. Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário Nacional (Cimi), o ataque foi realizado por jagunços armados que invadiram o território indígena usando caminhonetes e disparando munição letal e balas de borracha contra os moradores.
Informações preliminares indicam que, momentos antes do ataque, um agente da Força Nacional de Segurança Pública teria alertado os indígenas para abandonarem a área, afirmando que um confronto era iminente. A frase “Pega teu povo e sai daqui ou vocês vão morrer” teria sido proferida pelo agente, conforme relatos das vítimas. Contudo, no momento do ataque, não havia presença de integrantes da Força Nacional no local, que está sob monitoramento desde julho devido ao risco de conflito.
Em nota oficial, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) não confirmou as declarações atribuídas ao agente da Força Nacional. O MJSP esclareceu que o conflito ocorreu dentro da Terra Indígena Lagoa Panambi e que a situação está atualmente sob controle. De acordo com a pasta, as equipes da Força Nacional foram acionadas por volta das 10h da manhã de sábado para conter os ânimos acirrados entre indígenas e agricultores nas proximidades do Sítio do Cedro. O confronto teria se intensificado no início da tarde, justamente quando a Força Nacional realizava patrulhamento em outra área da mesma região. Assim que foram chamadas, as equipes conseguiram chegar ao local e cessar o conflito.
O Ministério ressaltou que, desde o início de julho, a Força Nacional tem intensificado sua presença na região e, após os eventos do sábado, toda a força efetiva foi mobilizada para apoiar o Ministério dos Povos Indígenas (MPI) e o Ministério Público Federal (MPF) na mediação dos conflitos. As partes envolvidas nos acampamentos estão respeitando os limites estabelecidos pelos ministérios mencionados.
Ademais, o MJSP afirmou que o efetivo mobilizado trabalha com foco na garantia da segurança dos indígenas, respeitando suas culturas e evitando qualquer forma de violação dos direitos humanos. O contingente será aumentado devido aos novos confrontos, com a chegada de efetivos dispostos a partir de outros estados.
Até o momento da publicação desta matéria, o Ministério dos Povos Indígenas e o Ministério Público Federal não haviam se pronunciado sobre o ocorrido. Segundo informações do Cimi, dois indígenas permanecem em estado grave, um com um tiro na cabeça e o outro com um tiro no pescoço. Outros seis feridos foram encaminhados ao Hospital da Vida, em Dourados.
A Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) providenciou o pronto-atendimento das vítimas, enviando duas ambulâncias de terapia intensiva ao local para cuidar dos feridos. A situação continua a ser monitorada, com as autoridades buscando evitar novos confrontos e garantir a segurança dos indígenas na região.