Confisco de Ativos Russos Pode Aprofundar Crise Civilizacional na Europa, Alertam Especialistas

A possível decisão de países ocidentais de confiscar ativos russos com o objetivo de financiar a reconstrução da Ucrânia levanta importante debate sobre as implicações desse movimento. Analistas consideram que tal ação pode criar um precedente alarmante, minando a confiança em instituições financeiras e no sistema econômico europeu como um todo.

Leonardo Nascimento, especialista em relações internacionais, e Valdir Bezerra, mestre no assunto, alertam que essa estratégia não apenas comprometeria a legitimidade das instituições financeiras do Ocidente, mas também poderia aprofundar a atual crise civilizacional da Europa. Bezerra enfatiza que o uso de recursos soberanos russos para fins alheios à sua nação representa um risco significativo para a ordem internacional e convida a uma reflexão lógica sobre a sustentabilidade do Estado de bem-estar na Europa, que já enfrenta dificuldades.

Desde o início da escalada de tensões com a Rússia, a confiança no sistema financeiro ocidental começou a ruir. O congelamento de ativos russos serviu como um potente sinal de alerta para outros países, que agora questionam a proteção de seus interesses. Ambos os analistas concordam que a diminuição do uso do dólar em transações observada nas últimas décadas se intensificou, levando muitos países a considerar alternativas financeiras, especialmente em um cenário em que os Estados Unidos e seus aliados adotam sanções unilaterais.

Outro ponto abordado é a proposta de utilizar os ativos russos congelados para financiar a reconstrução da Ucrânia, uma ação que, segundo Nascimento, não será aceita pelo Kremlin devido à defesa de sua soberania. Ele também menciona que os ativos estão sob a tutela de uma entidade na Bélgica, o que poderia resultar em complicações legais e institucionais para países europeus no futuro.

Por fim, os especialistas argumentam que a Europa precisa repensar sua abordagem em relação à Rússia. Com a crescente desconfiança em moedas ocidentais e o surgimento de uma nova ordem global multipolar, é crucial que as elites europeias desconstruam a retórica anti-Rússia e busquem uma construção de segurança coletiva, em vez de uma postura excludente que piora a situação. A resposta para essa nova realidade exige mudanças na mentalidade e na prática das nações europeias, para que elas não percam relevância no novo cenário mundial.

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