Conferências climáticas em Baku e Belém: especialistas destacam necessidade de financiamento e compromisso global em busca de soluções para o aquecimento terrestre.

À medida que se aproxima a 29ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP29), marcada para acontecer em Baku, Azerbaijão, o debate sobre o enfrentamento das mudanças climáticas ganha novo fôlego. Especialistas que participaram recentemente de um evento na cidade de São Paulo destacam a importância de um novo comprometimento financeiro e de um papel ativo das nações na busca por um futuro sustentável. Essas discussões são cruciais, especialmente considerando que a COP30 está agendada para 2025 em Belém, Pará, onde o Brasil espera consolidar liderança nos esforços globais.

Guilherme Lefèvre, gestor de projetos da Fundação Getulio Vargas, frisou os desafios que a conferência em Baku irá enfrentar, enfatizando a urgência do financiamento climático. Desde 2009, os países desenvolvidos se comprometeram a destinar US$ 100 bilhões anuais. No entanto, Lefèvre argumenta que esse montante é inadequado para atender às necessidades atuais, que requerem trilhões a cada ano, especialmente para os países em desenvolvimento. Ele defendeu a necessidade de um novo marco financeiro que permita atender às demandas emergentes, afirmando que isso será essencial para a execução de medidas efetivas.

Na conferência, também foi ressaltada a importância de que os países revelem suas contribuições preliminares antes da COP30, possibilitando uma melhor compreensão das responsabilidades de cada nação. O contexto geopolítico, marcado por eventos como as eleições nos Estados Unidos e outras incertezas, é percebido como um fator que pode influenciar as discussões, mas a expectativa é de que a COP29 sirva como um espaço para unir esforços em busca de soluções coletivas.

Raul Protázio Romão, secretário de Meio Ambiente do Pará, complementou ao afirmar que a questão do financiamento climático é central para os debates na COP30. Sem o devido suporte financeiro, a implementação de metas climáticas se torna praticamente inviável. Ele destacou que um terço dos países participantes deve apresentar novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) entre 9 e 12 meses antes da conferência, criando um ambiente propício para a ambição climática entre as nações.

A importância da governança no comércio de compensação de carbono, conforme estipulado pelo artigo sexto do Acordo de Paris, também foi abordada por Romão. Apesar de discussões a respeito terem ocorrido na COP21, ele lamentou que, após uma década, o mecanismo não foi operacionalizado, o que indica desafios significativos na implementação das normas.

Finalmente, a vice-presidente de Ciência e Tecnologia da Mudança Climática da ONU, Nathalie Flores, destacou o progresso nas negociações climáticas nas conferências anteriores e a relevância das COPs como marcos que moldam as políticas nacionais. Flores reforçou que a colaboração global é essencial, e que o Brasil desempenha um papel de destaque, dadas as convenções do Rio de 1992. Com a iminência das conferências que vão moldar o futuro do planeta, uma agenda clara e compromissos renovados parecem ser passos cruciais para enfrentar as mudanças climáticas de forma eficaz.

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