Em um movimento que acirrou ainda mais a disputa, o Ministério Público do Rio (MPRJ) anunciou a abertura de um inquérito civil para investigar um acordo firmado em 3 de outubro entre o governo do estado, a Cedae e a Águas do Rio. O acordo previa um desconto de R$ 900 milhões na tarifa de água, o que gerou suspeitas de lesão ao erário. O Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) já havia suspenso o entendimento anteriormete estabelecido.
As queixas das concessionárias são justificadas pela crença de que os contratos foram baseados em dados imprecisos, o que poderia perturbar a estrutura financeira prevista. Documentos entregues à Agenersa, a agência reguladora do setor, destacam a discrepância entre os números expressos no edital e a realidade fieldada, indicando que haveria direito ao reequilíbrio financeiro quando a diferença entre os dados superasse 18,5%. Essa cláusula é vista como insuficiente diante da gravidade das falhas encontradas.
Um relatório de um consórcio contratado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) já alertava sobre a fragilidade dos dados utilizados na elaboração do edital. O estudo criticava as informações autodeclaradas apresentadas pela Cedae, ressaltando que isso poderia comprometer a precisão dos números referentes ao atendimento básico de saneamento nas localidades atendidas.
Luiz Renato Vergara, consultor ambiental e um dos responsáveis pelo estudo, afirmou que o problema poderia ter sido minimizado se o governo tivesse utilizado uma margem de variação maior nas discrepâncias de dados. Ele destacou casos emblemáticos em que a discrepância ultrapassou os 30%, sugerindo que a realidade do saneamento está muito aquém do que fora apresentado nas propostas.
A situação que agora se desenha coloca em evidência não apenas a responsabilidade da Cedae, que reconheceu erro na prestação de informações, mas também as consequências financeiras que podem advir dessa crise de dados inconsistente no setor de saneamento. A análise aprofundada dessa questão pelo MPRJ e pelo TCE-RJ pode servir de base para eventuais ações corretivas no futuro.