Um dos principais pontos emergentes é a Praça Marechal Deodoro, localizada nas proximidades da estação do Metrô. Nesse espaço, a presença de usuários de drogas é notável, com pelo menos 50 indivíduos avistados em um único dia. A atmosfera da praça também mudou: o som alto de caixas de som, risadas e gritos agora ecoam entre as tradicionais pessoas em situação de rua que ocupam os arredores do Minhocão. Além disso, o consumo de cigarros e bebidas alcoólicas se tornou comum, refletindo uma nova realidade que afeta diretamente quem circula pela área.
Trabalhadores e comerciantes da região estão cientes dessa mudança. Um frentista de posto de gasolina, que solicitou anonimato, confirmou que a praça tem se tornado cada vez mais cheia, indicando um aumento perceptível na circulação de pessoas. A Organização Não Governamental (ONG) Oficina Pão do Povo da Rua também relatou um aumento na distribuição de alimentos, passando de uma média de 160 pães diários para quase 200, sinalizando o crescimento da população vulnerável no local.
Em resposta à nova configuração, forças de segurança, incluindo viaturas da Guarda Civil Municipal (GCM) e da Polícia Militar, intensificaram a presença na região. Agentes de assistência social e saúde da Prefeitura estiveram presentes para avaliar a situação, embora um deles tenha se mostrado cauteloso em atribuir o incremento de usuários diretamente à mudança na rua dos Protestantes, destacando a natureza fluida desse fenômeno.
Além da Praça Marechal Deodoro, outros pontos como as calçadas próximas ao Terminal Princesa Isabel também estão passando por alterações, com pequenos grupos de 10 a 15 pessoas se formando. Em contrapartida, regiões adjacentes à Estação da Luz permanecem surpreendentemente vazias, com uma forte presença policial visível.
Enquanto isso, o prefeito Ricardo Nunes manifestou surpresa com a rápida dispersão dos usuários, enquanto seu vice, Mello Araújo, mencionou que ações anteriores resultaram na remoção de cerca de 120 indivíduos da área. No entanto, ONGs, como a Craco Resiste, têm levantado preocupações sobre a abordagem utilizada pelas autoridades, afirmando que muitas vezes essas ações são acompanhadas de violência, algo que o secretário de Segurança Urbana, Orlando Morando, refutou ao afirmar que não houve uso da força.
Esse cenário revelador aponta não apenas para os desafios enfrentados na luta contra a dependência química em uma das maiores metrópoles do Brasil, mas também para as complexidades que envolvem a gestão da segurança pública e o apoio social na região. A situação continua a se desenvolver, à medida que novos grupos se formam e as autoridades buscam maneiras eficazes de lidar com a questão.