Promovido pela Secretaria de Estado da Comunicação (Secom), o encontro abordou estratégias para criar um jornalismo mais responsável e humanizado em torno de questões de gênero, partindo da abordagem político-social da iniciativa Alagoas Lilás. Essa política pública visa a prevenção e proteção contra a violência de gênero no estado, e o evento incorporou reflexões sobre o papel do jornalismo neste contexto.
Durante o ciclo de formação, os palestrantes debateram a importância de reformular a narrativa construída em torno das vítimas de violência. Beatriz Acciolly, antropóloga e especialista em políticas públicas para mulheres, destacou a necessidade de evitar a repetição de estereótipos que exaurem as histórias das vítimas. Ela questionou a prevalência do balcão do sofrimento e a maneira como isso pode perpetuar ainda mais a violência: “É crucial repensar como contamos essas histórias. Focar na tragédia pessoal apenas reforça o ciclo de vitimização”, afirmou Acciolly.
A discussão contou com a participação de renomados especialistas, como Raissa França, fundadora da agência de jornalismo feminino Eufemea, que trouxe à tona os desafios enfrentados na cobertura de casos de feminicídio. Raissa criticou a forma como a mídia tende a responsabilizar as mulheres ao narrar suas histórias, contribuindo para a perpetuação da violência em várias de suas formas.
O capitão Bruno Pereira, coordenador de Jornalismo e Redação da Polícia Militar, também fez questão de ressaltar a importância de se colar a um padrão ético na cobertura desses temas. Para ele, a comunicação é uma ferramenta poderosa para a promoção de mudanças sociais significativas e deve ser tratada com profissionalismo e sensibilidade.
O Tendências & Soluções se mostrou, mais uma vez, um espaço de aprendizagem e capacitação, reafirmando a importância da comunicação como uma ponte para construir um futuro onde a equidade de gênero seja um valor central na sociedade. Esse tipo de formação é essencial para preparar os jornalistas à nova realidade das chamadas “redes digitais”, onde a forma como se comunica pode ter consequências duradouras.