Um dos pontos que evidenciaram essa mudança na comunicação foi a declaração do presidente do BC, Roberto Campos Neto, reforçando a posição “data dependent” da autoridade monetária. Para Carlos Viana, ex-diretor de política econômica do Banco Central e chefe de pesquisas da Kapitalo, a comunicação do BC tem se mostrado confusa, destacando inclusive uma correção “intraday” feita por um mesmo “policymaker”.
Fernanda Guardado, ex-diretora de assuntos internacionais do BC e chefe de pesquisa macroeconômica para América Latina do BNP Paribas Brasil, também apontou falhas na comunicação recente, ressaltando a importância de alinhar a interpretação dos agentes de mercado com a mensagem transmitida pela última ata do Comitê de Política Monetária.
Gustavo Franco expressou preocupação com os problemas de comunicação no BC, afirmando que, quando isso ocorre, não se trata apenas de uma questão de comunicação, mas sim de um problema mais amplo. Ele também destacou a importância de sinalizações claras sobre o controle de despesas públicas para evitar uma possível alta nos juros, o que poderia gerar tensões com o Palácio do Planalto.
Diante das declarações de Campos Neto sobre a precificação da curva de juros e a possibilidade de uma alta gradual, os participantes do painel avaliaram que um aumento de 0,25 ponto percentual está próximo. No entanto, Viana ressaltou que a comunicação do BC tem passado por constantes mudanças, o que torna difícil prever os próximos passos da política monetária.
Gustavo Franco ainda fez uma reflexão sobre a autonomia do BC, apontando que, antes dessa medida, os presidentes da República não costumavam criticar abertamente os chefes da instituição. No entanto, com a autonomia, isso se tornou mais comum, gerando um novo contexto de relacionamento entre as autoridades.