Comissão da Câmara aprova possibilidade de impeachment de ministros do STF por usurpação de competência parlamentar: proposta segue para o Plenário.

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) da Câmara dos Deputados aprovou, nesta quarta-feira (9), um projeto que pode mudar significativamente o cenário político brasileiro. A proposta em questão estabelece a possibilidade de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que usurparem competências do Congresso Nacional.

O texto, aprovado com 36 votos a favor e 12 contrários, é um substitutivo apresentado pelo deputado Alfredo Gaspar (União-AL) ao Projeto de Lei 4754/16, de autoria do deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ). Essa proposição ainda precisa passar pela análise do Plenário e ser aprovada pelo Senado para se tornar lei.

Inicialmente, a proposta tratava apenas da inclusão, na lista de crimes de responsabilidade dos ministros do STF, a ação de usurpar competências do Poder Legislativo ou do Poder Executivo. No entanto, com as alterações propostas por Gaspar, outras condutas passaram a ser consideradas como crimes de responsabilidade, tais como valer-se de prerrogativas para benefício próprio ou de terceiros, divulgar opiniões sobre processos em andamento, entre outras.

Além disso, o projeto estabelece que a Mesa do Senado terá um prazo de 15 dias úteis para apreciar a denúncia apresentada contra um ministro do STF. Essa medida promete dar mais agilidade ao processo de impeachment, caso seja necessário.

A proposta também altera a Lei 1.079/50, que define os crimes de responsabilidade. Em 2021, um projeto semelhante foi rejeitado por um voto de diferença, evidenciando a controvérsia e as divergências em torno desse tema.

Parlamentares favoráveis ao projeto alegam que o objetivo é resguardar a democracia e coibir eventuais abusos por parte dos ministros do STF. Por outro lado, críticos afirmam que a proposta pode fragilizar a independência do Poder Judiciário e dificultar o exercício da função jurisdicional por parte dos magistrados.

O autor do projeto, Sóstenes Cavalcante, argumenta que a medida visa corrigir possíveis desmandos constitucionais, citando como exemplo o episódio em que o STF impediu a nomeação do ex-presidente Lula por Dilma Rousseff. Segundo ele, a proposta busca garantir que cada Poder exerça suas competências de forma adequada, sem interferências indevidas. A discussão em torno desse projeto promete gerar intensos debates no cenário político brasileiro nos próximos dias.

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