Esse reconhecimento é aguardado com grande expectativa por cerca de 1,1 mil famílias, somando mais de duas mil pessoas, que agora se preparam para a fase de desintrusão. Este processo inclui a retirada de ocupantes irregulares, entre os quais se destacam fazendeiros do setor agrícola, especialmente da soja, que têm invadido terras da comunidade.
Walisson Braga, uma das vozes jovens da liderança quilombola, enfatiza a importância dessa decisão não apenas para a recuperação do território, mas também para a preservação do Cerrado, que tem sido ameaçado pelo desmatamento promovido por grileiros. Braga expressa otimismo e ressalta que a regularização das terras permitirá à comunidade redirecionar esforços para a agricultura, atividade que foi abandonada por muitos devido à necessidade de buscar subempregos em locais externos.
A comunidade já se planeja para uma grande celebração durante a Festa do Marmelo, marcada para 11 de janeiro. O marmelo, além de ser uma fonte de renda, simboliza a resistência dos quilombolas diante das invasões que enfrentaram ao longo dos anos. Braga destaca que será um momento especial para comemorar essa conquista.
O Incra, em suas declarações, reforçou a relevância histórica do território ocupado desde o século XVIII, essencial para a formação da capital federal. A instituição afirmou que a publicação do reconhecimento das terras é um passo significativo na reparação histórica para os descendentes de escravizados, que constantemente enfrentam os desafios da grilagem. Maria Celina, da Divisão de Territórios Quilombolas do Incra, sublinhou que essa medida combate as invasões que historicamente prejudicaram o acesso da comunidade a terras agricultáveis e áreas de moradia.
Claudia Farinha, superintendente regional do Incra, também destacou o reconhecimento como uma proteção contra a especulação imobiliária, garantindo os direitos às terras ancestrais dos quilombolas. A relevância da comunidade de Mesquita se estende além do presente, pois pesquisas apontam que eles foram fundamentais na construção de cantinas e refeitórios destinados aos migrantes que ajudaram a povoar Brasília, além de fornecer alimentos para as obras da capital em um período crítico de produção local.







