Colisão entre protoplanetas pode desvendar mistérios do núcleo gigante de Mercúrio, segundo nova pesquisa que desafia teorias existentes sobre sua formação.

A Intrigante Origem de Mercúrio: Uma Colisão Rasante entre Protoplanetas?

O pequeno Mercúrio, o planeta mais próximo do Sol, é um dos corpos celestes mais enigmáticos do Sistema Solar. Com um núcleo metálico que representa cerca de 70% de sua massa, Mercúrio desafia as expectativas sobre a formação planetária, levantando o que ficou conhecido como o “Problema de Mercúrio”. Desde a década de 1960, cientistas se esforçam para compreender como um planeta tão diminuto pode ter um núcleo tão desproporcional em comparação com outros planetas, como a Terra e Marte.

Tradicionalmente, a hipótese mais aceita era de que Mercúrio teria sofrido um impacto catastrófico com um corpo de massa diferente. Essa colisão viscosa e imprevisível teria removido uma quantidade significativa de sua crosta e manto, resultando em um núcleo relativamente grande. Contudo, simulações sobre a dinâmica do Sistema Solar jovem indicam que tais eventos seriam extremamente raros, tornando essa explicação insatisfatória.

Em vista disso, um novo estudo trouxe uma alternativa que pode reescrever a história da formação de Mercúrio. Pesquisadores sugerem que o planeta se formou a partir de uma colisão rasante entre dois protoplanetas com massas semelhantes. Essa tese é apoiada por simuladores avançados que mostram que, em um universo primitivo caótico, colisões entre embriões planetários eram frequentes, permitindo a formação de Mercúrio como o conhecemos.

As simulações, especificamente as realizadas com hidrodinâmica de partículas suavizadas (SPH), demonstraram que tais colisões podem eliminar até 60% do manto original do planeta, preservando, assim, a alta proporção de metal em relação ao silicato. Além disso, o estudo também discute o destino do material ejetado na colisão, sugerindo que em impactos de tamanhos semelhantes, os detritos podem ser dispersos permanentemente, explicando a desproporção evidente entre o núcleo e o manto de Mercúrio.

Outro aspecto intrigante é a possibilidade de que planetas vizinhos, como Vênus, tenham absorvido parte do material ejectado, uma hipótese que ainda precisa ser investigada mais a fundo. Para confirmar essas teorias, análises geoquímicas mais detalhadas de Mercúrio, bem como estudos de meteoritos, são essenciais. Embora futuras missões de retorno de amostras ainda estejam em fase de planejamento, a missão BepiColombo, da ESA/JAXA, programada para atingir Mercúrio em 2026, promete oferecer valiosos dados sobre sua composição e campos magnéticos.

Mercúrio, apesar de ser o menos explorado dos planetas do Sistema Solar, está prestes a se tornar o foco de novas investigações que, esperançosamente, revelarão os mistérios de sua formação e melhor compreenderão o papel das colisões na evolução dos planetas rochosos.

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