A clínica tem como foco a assistência psicossocial e a reabilitação de dependentes químicos e pacientes com transtornos mentais. A mensalidade ultrapassa R$ 19 mil e inclui alimentação, atendimentos de profissionais de saúde mental e medicações para o tratamento. Notavelmente, a clínica possui cerca de 40 convênios, muitos deles ligados a planos de saúde para servidores públicos, como membros do Judiciário e das forças armadas.
No entanto, a experiência dos pacientes parece divergir radicalmente do que a clínica promete em seu site. Um ex-paciente, identificado como Matheus, expôs práticas inquietantes que ocorrem no local, incluindo o uso excessivo de medicações de contenção, que, segundo ele, são administradas à força quando os pacientes resistem. A situação em que os internos se encontram pode ser descrita como uma verdadeira “cultura manicomial”, onde qualquer desentendimento leva a punições severas e à falta de autonomia.
Além do uso controverso de medicamentos, Matheus mencionou uma prática chamada “acolhimento”, que funciona na verdade como uma forma de castigo. Nessa situação, os pacientes são isolados em um espaço pequeno, onde a vigilância é constante, e até a capacidade de servir a própria comida é restrita. Ele indicou que chegou a ocorrer um incidente em que internos provocaram um incêndio em protesto contra a condição de tratamento.
Os relatos não param por aí. Outros ex-pacientes e familiares também falam sobre abusos verbais e até agressões físicas perpetradas por funcionários da clínica. Um caso emblemático é o de um ex-paciente, um militar, que recebeu indenização após ser agredido. Sua esposa encontrou marcas de agressão em seu corpo, gerando ainda mais apreensão sobre os métodos utilizados no local.
Reclamações sobre a negligência com a segurança dos pacientes também são recorrentes. Existe uma falta de monitoramento adequado, e, segundo alguns relatos, o tráfico de drogas ocorre nas dependências da instituição sem qualquer controle, evidenciando um ambiente caótico e inseguro.
Essas questões alarmantes foram trazidas à tona após o desaparecimento das jovens. A clínica, que não se manifestou até o momento, permanece em operação, apesar das graves acusações. A comunidade, preocupada, espera por respostas e melhorias significativas no tratamento oferecido.