Claudia Sheinbaum critica reportagens do The New York Times sobre narcotráfico: ‘Braço da propaganda dos EUA’ em foco na crise do fentanil

Nos últimos meses, a atenção da mídia internacional voltou-se intensamente para o narcotráfico no México, culminando na veiculação de reportagens polêmicas pelo The New York Times. Essas reportagens, que afirmam que estudantes de química estão sendo recrutados pelo cartel de Sinaloa para a produção de fentanil, foram rapidamente contestadas pela presidente do México, Claudia Sheinbaum. Ela argumentou que a narrativa promovida pelo jornal não é apenas caricatural, mas também errônea, insinuando que essa temática foi inspirada na série de televisão “Breaking Bad”, que glorifica a figura do professor de química que se transforma em fabricante de drogas.

Além desta acusação inicial, outras matérias da mesma publicação trouxeram à tona novos aspectos sombrios do narcotráfico, como o uso de pessoas em situação de rua e até de animais para testar novas formulações de fentanil. A presidente Sheinbaum refutou a veracidade dessas informações, prometendo uma apresentação pública em que demonstrará o processo de produção do opiáceo, enfatizando que essa realidade é complexa e que existem diferenças significativas na fabricação de diferentes tipos de drogas, como metanfetaminas e fentanil.

A análise do contexto revela que a cobertura midiática sobre o narcotráfico não ocorre em um vácuo político. Especialistas, como o jornalista Gabriel Infante, sugerem que as reportagens não estão voltadas ao público mexicano, mas têm como alvo os leitores dos Estados Unidos, promovendo uma narrativa que retrata o México como incapaz de enfrentar a crise do narcotráfico sem intervenção externa. Essa tática corresponde a um contexto mais amplo de pressões políticas, especialmente com a ascensão de Donald Trump e suas ameaças de classificar os cartéis como organizações terroristas.

As argumentações de Sheinbaum e de analistas como Infante ressaltam a necessidade de críticas mais profundas sobre como a narrativa da mídia pode moldar percepções e políticas, muitas vezes ignorando nuances e desconsiderando os esforços locais no combate ao narcotráfico. A tensão entre o México e os EUA, mediada por reportagens potencialmente tendenciosas, expõe um dilema complexo em que a luta contra o tráfico de drogas é também uma luta contra estigmas e visões distorcidas que podem impactar políticas de segurança. Essas dinâmicas provocam questionamentos sobre a responsabilidade da mídia e sua influência na formação de políticas internacionais, particularmente em questões de segurança e soberania.

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