Essas pinturas, datadas em até 11.000 anos, apresentam uma rica iconografia que vai além da mera representação do ambiente natural e da fauna existente nas comunidades indígenas. As figuras, muitas vezes em tons ocres, retratam seres humanos se transformando em animais e até mesmo combinações entre seres humanos e plantas, simbolizando a relação profunda que esses povos têm com os espíritos da floresta. As cenas são um testemunho das crenças e tradições espirituais que permeiam a vida cotidiana e as práticas rituais dessas comunidades.
O estudo, que foi detalhado em artigo publicado na revista “Advances in Rock Art Studies”, revela que essas pinturas serviam como um meio de comunicação com o mundo espiritual, onde cada representação era um pedido ou oferta às divindades que governavam a vida selvagem e os aspectos naturais. Os pesquisadores enfatizaram que, para os povos amazônicos, praticamente todas as atividades, incluindo a caça, eram acompanhadas de negociações com esses espíritos.
Por meio da utilização de pigmentos naturais e símbolos adicionais, os indígenas criavam um elo entre o material e o espiritual, colocando nas paredes das cavernas o que desejavam alcançar, como a abundância na caça ou a fertilidade da terra. A pesquisa não apenas lança luz sobre a complexidade das crenças indígenas, mas também destaca a importância de manter um diálogo contínuo com esses anciãos para preservar essa rica herança cultural. Por meio do olhar dos pesquisadores, fica claro que a arte rupestre é uma janela para o mundo espiritual das civilizações amazônicas, revelando suas interações com o ambiente e suas visões de mundo profundamente enraizadas na natureza.