A pesquisa se baseou em experimentos realizados sob condições extremas de temperatura e pressão, que aproximam as condições encontradas a essa profundidade. Os pesquisadores trabalharam com temperaturas que variam entre 1.273 K e 2.100 K (cerca de 1.000 °C a 1.826 °C) e pressões que variam de 23 a 32 gigapascais. Esses experimentos não apenas confirmam a teoria de que a água pode estar retida em minerais no manto terrestre, mas também mostram que essa capacidade de retenção aumenta significativamente com a temperatura.
A história da água na Terra é complexa e remonta a cerca de 4,6 bilhões de anos, quando o planeta ainda estava em formação. Nas fases iniciais, a superfície da Terra era preenchida por magma quente, tornando impossível a existência de água em estado líquido. Com o resfriamento desse magma, os minerais começaram a se cristalizar, formando o manto terrestre. Estudos indicam que o bridgmanite, um mineral predominante no manto, atua como um “recipiente” para armazenar água. Surpreendentemente, sua capacidade de absorver água supera as estimativas anteriores em até 100 vezes, fazendo do manto inferior o maior reservatório de água do planeta, ao menos na parte sólida da Terra.
Essas novas evidências levantam questões sobre a dinâmica da água no planeta e suas implicações para a geologia, climatologia e, potencialmente, para a vida. O entendimento da distribuição e da função dessa água primordial pode ajudar os cientistas a decifrar segredos sobre a formação da Terra e a capacidade do planeta de sustentar a vida ao longo dos milênios. As descobertas estimulam uma nova linha de investigação em geociências, com impactos que podem ser amplamente significativos para compreendermos não apenas o nosso planeta, mas também outros corpos celestes.
