A radiação é classificada em três tipos principais: alfa, beta e gama. Cada um requer diferentes formas de blindagem. Por exemplo, a radiação alfa é facilmente bloqueada por uma folha de papel, enquanto a radiação beta pode ser detida por materiais como vidro ou metais leves. Por outro lado, a radiação gama, que é a mais penetrante, demanda o uso de substâncias com alta densidade, como chumbo e tungstênio, que são mais caros e, no caso do chumbo, tóxicos.
O professor Oleg Tashlykov, da Universidade Federal dos Urais, fez um alerta sobre o aumento da demanda por materiais de proteção, especialmente com a construção de novos reatores nucleares e o uso crescente de substâncias radioativas na medicina. Segundo ele, a combinação de argila, resíduos de vidro e uma pequena quantidade de ácido bórico resulta em uma cerâmica duradoura e de baixo custo, com a capacidade de proteger eficientemente contra a radiação gama. Um dos principais objetivos é utilizar materiais que sejam ambientalmente sustentáveis e amplamente disponíveis, facilitando a fabricação a partir de recursos locais.
Embora a eficácia de blindagem dessa nova cerâmica seja inferior à dos concretos ricos em óxidos pesados, ela se destaca em aplicações onde o uso de chumbo é impróprio. Isso serve tanto para instalações que priorizam a segurança ambiental quanto para a resistência mecânica. Por exemplo, o material pode ser utilizado no revestimento de salas de raios X em ambientes médicos.
A equipe científica enfrenta ainda o desafio de otimizar a composição da cerâmica e testar sua eficácia sob diversas condições ambientais, incluindo umidade e ciclagens térmicas.Essa inovação traz a promessa de reciclar resíduos do setor de vidro enquanto fornece soluções para a construção de instalações radioativas sem os riscos associados ao chumbo. Assim, os cientistas visam criar um futuro mais seguro e sustentável nas áreas de energia nuclear e saúde.
