A saga em foco, intitulada “Saga de Sverre”, foi escrita entre os séculos XII e XIII e narra a vida de Sverre Sigurdsson, um rei norueguês. De acordo com relatos da época, após um ataque ao castelo de Sverresborg por seus inimigos, um cadáver desconhecido foi lançado em um poço de água potável do castelo, numa tentativa de contaminar a fonte e causar epidemias entre os defensores. Esse ato insidioso sugere uma prática de guerra rudimentar que antecipa conceitos modernos de bioterrorismo.
As escavações arqueológicas em Sverresborg, que começaram em 1938, foram responsáveis pela descoberta inicial dos restos mortais, mas foi apenas em 2016 que cientistas conseguiram extrair e analisar o material genético. O estudo revelou que o homem viveu aproximadamente há 800 anos, no mesmo período em que a “Saga de Sverre” é ambientada. Testes genéticos indicaram que ele provavelmente tinha olhos azuis e cabelo claro, com ancestrais oriundos da porção sul da Noruega, um detalhe que conecta suas origens aos ataques ao castelo.
Essas descobertas não apenas oferecem um vislumbre da cultura e das táticas de guerra da época, mas também estabelecem um novo marco na arqueologia, ao fornecer evidências tangíveis de figuras mencionadas em textos históricos. A identificação dos restos mortais como pertencentes a uma figura da saga é um passo para o entendimento mais profundo das narrativas escandinavas e suas ligações com a realidade histórica. Essa pesquisa destaca a intersecção da genética com a história, revelando como os vestígios do passado podem ser analisados e trazidos à luz em um esforço para compreender melhor as complexidades da vida e da guerra nas sociedades medievais.