A técnica utilizada pelos pesquisadores envolveu a alteração da composição genética dos embriões suínos. Em seguida, eles injetaram as células responsáveis pela formação de rins humanos dentro dos animais. Após 28 dias, os embriões começaram a desenvolver rins com estrutura normal, porém com uma grande presença de células humanas.
Os rins foram escolhidos como foco dessa pesquisa por serem um dos primeiros órgãos a se desenvolverem e por serem comumente transplantados na medicina. No Brasil, por exemplo, o transplante de rim representa cerca de 70% do total de transplantes de órgãos, de acordo com o Ministério da Saúde.
Foram fertilizados 1.820 embriões para 13 mães de aluguel. As gestações foram interrompidas aos 25 e 28 dias para que fosse feita uma avaliação do experimento. O maior desafio na criação desses “híbridos” é o fato de que as células suínas predominam em relação às células humanas.
Para excluir dois genes essenciais para a formação de rins, os cientistas utilizaram a técnica de edição genética CRISPR, criando o que é chamado de “nicho”. Em seguida, adicionaram células-tronco humanas preparadas para se desenvolver em qualquer tipo de célula.
Antes de implantar os embriões nas porcas, os pesquisadores os cultivaram em tubos de ensaio com substâncias nutritivas para os diferentes tipos de células. Após o período determinado, descobriu-se que cinco embriões apresentavam rins saudáveis, com ureteres que eventualmente se conectariam à bexiga. Entre 50% e 60% das células desses órgãos em desenvolvimento eram humanas.
Essa técnica utilizada pelos cientistas chineses difere da abordagem utilizada pelos pesquisadores dos Estados Unidos, que modificaram geneticamente rins e corações de porcos para realizar transplantes em humanos.
Esses avanços levantaram questões éticas, tanto pela preocupação com o bem-estar dos animais envolvidos quanto pela utilização de células humanas na criação de organismos híbridos. Alguns especialistas ainda relatam que partes dessas células foram encontradas no cérebro dos porcos.
A equipe responsável pela pesquisa planeja dar continuidade aos estudos com cuidado, permitindo que os rins se desenvolvam por mais tempo. Além disso, eles pretendem focar também na criação de corações e pâncreas humanos em porcos.
Essa descoberta abre caminho para avanços significativos na área de transplantes de órgãos e pode trazer esperança para muitas pessoas que aguardam na fila de espera por um órgão compatível. No entanto, é fundamental que sejam feitos estudos rigorosos para garantir a segurança e a ética dessas pesquisas.