Cientista brasileiro investiga semelhanças entre vulcões nordestinos e erupções vulcânicas famosas em visita à China.

Um pesquisador brasileiro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) está na China para desvendar vulcões que existiam onde hoje é a região Nordeste do Brasil. O professor Zorano Souza, do departamento de Geologia, quer descobrir se as erupções eram explosivas como as do Vesúvio, na Itália, ou se elas escorriam lentamente, como acontece no Havaí, nos Estados Unidos.

De acordo com o especialista, as características químicas do magma determinam o comportamento das erupções. No caso do Havaí, o magma é rico em magnésio e pobre em vapores de água e silício, o que resulta em erupções mais lentas. Já no Vesúvio, o magma é rico em silício e vapores de água e pobre em magnésio, o que leva a erupções explosivas.

Enquanto o Vesúvio causou uma das maiores tragédias da humanidade, dizimando cidades inteiras como Pompeia e Herculano, o professor Zorano acredita que a maioria das erupções no Nordeste brasileiro tenha sido semelhante às do Havaí, com lava se movimentando lentamente e eventual exalação de gases mortais.

As atividades vulcânicas mais antigas no Nordeste brasileiro ocorreram há 130 milhões de anos, quando o território ainda estava ligado ao continente africano. Apesar de terem ocorrido milhões de anos antes da existência humana, essas erupções deixaram traços notáveis na geografia dos estados do Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte, com a identificação de cerca de 100 a 150 ocorrências de vulcanismo.

No entanto, o pesquisador tranquiliza os moradores, afirmando que todos os vulcões na região Nordeste são extintos, não apresentando atividade sísmica em profundidade que indique a possibilidade de voltarem a ser ativos.

Segundo Zorano Souza, o Brasil está completamente sobre uma placa tectônica e, portanto, não sofre com vulcões ou terremotos devastadores. No passado, o planeta era mais quente em algumas regiões, o que propiciava a formação de magma no interior da Terra. Com o tempo, porém, esses locais voltam ao equilíbrio termal e deixam de produzir magmas.

Para realizar a pesquisa, o professor Zorano contou com o apoio financeiro de diversas instituições, como CNPq, FINEP-Petrobras, UFRN, UnB, Universidade de Queensland (Austrália) e Universidade de Geociências da China. Na China, ele teve acesso a equipamentos de última geração para experimentos com simulação de altas temperaturas e profundidades.

A expectativa da pesquisa é estimar em que condições de temperatura e profundidade se formaram os magmas que deram origem às rochas vulcânicas do Nordeste brasileiro. As informações obtidas serão importantes para compreender a evolução do planeta e podem ter impacto econômico e estratégico, pois as ocorrências de rochas vulcânicas estão associadas à formação de depósitos minerais.

Sair da versão mobile