CICLO VICIOSO – Corrupção marca a história política de Rio Largo desde os anos 1970 até os dias atuais – com Jornal Rede Repórter



A história política de Rio Largo, na Região Metropolitana de Maceió, é marcada por uma sucessão de escândalos de corrupção e episódios que envolveram diretamente os poderes Executivo e Judiciário. Desde os anos 1970, o município acumula um histórico de prefeitos cassados, gestores presos e decisões judiciais controversas — como a que levou à primeira aposentadoria compulsória de um juiz por desvio de conduta em Alagoas, no caso do ex-magistrado Gilvan Veloso.

O ponto de partida foi a gestão de Mário Francisco da Silva, o Mário Vaca, primeiro prefeito cassado por corrupção em Alagoas. Ele inaugurou o que se tornou um ciclo vicioso de prefeitos afastados e presos por desvio de recursos públicos. Já na década de 1980, o município viveu um breve respiro de estabilidade sob o comando de Antônio Lins, o Tonhão, mas o período de seriedade foi abalado anos depois com a eleição de seu filho, Toninho Lins, que também mergulhou em escândalos durante os anos 2010.

A mais recente face desse ciclo se manifesta na figura de Gilberto Gonçalves, ex-prefeito de Rio Largo e ex-deputado estadual. Gonçalves esteve envolvido em uma série de processos por improbidade administrativa e chegou a ser preso por corrupção relacionada a contratos da prefeitura.

Antes mesmo de ingressar na política, GG já era personagem central de um dos casos mais emblemáticos do Judiciário alagoano: uma execução fiscal movida pela Fazenda Pública do Estado de Alagoas contra a empresa Eraldo Cavalcante & Cia. Ltda., da qual era sócio informal. O processo (nº 0016490-30.2004.8.02.0001) se arrasta há mais de duas décadas e envolve alegações de fraude tributária e manobras judiciais para transformar uma dívida milionária em suposto crédito contra o Estado.

Na origem do caso, nos anos 1990, Gonçalves assumiu a operação da distribuidora da cervejaria Antártica em nome da empresa Eraldo Cavalcante & Cia. Ao invés de quitar os tributos devidos, recorreu à Justiça com a alegação de que havia pago ICMS a mais do que o devido e conseguiu uma liminar favorável do juiz Gilvan Veloso, durante o recesso do Judiciário — o que impediu a Fazenda Estadual de apresentar defesa a tempo.

A liminar determinou o bloqueio de R$ 3 milhões das contas do Estado, mas apenas R$ 300 mil estavam disponíveis e foram imediatamente sacados por Gilberto Gonçalves. O episódio gerou reação do então governador Ronaldo Lessa, que levou o caso ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Corregedoria de Justiça de Alagoas. A apuração resultou na aposentadoria compulsória do juiz Gilvan Veloso, a primeira registrada por corrupção no estado.

Mesmo após o escândalo, Gonçalves prosseguiu na vida pública, e a ação judicial segue ativa na 2ª Vara Cível de Rio Largo, com novos mandados expedidos em maio de 2025. A disputa judicial ainda envolveu um conflito de competência entre a Justiça de Rio Largo e a de Recife, solucionado em 2007 pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que reconheceu a competência da comarca alagoana, onde o processo tramita desde então.

O caso também atingiu os herdeiros do fundador da empresa, Eraldo Cavalcante, que tentaram se eximir da dívida fiscal, mas tiveram seus nomes mantidos no polo passivo por decisão judicial. Em 2010, o juiz Manoel Cavalcante de Lima Neto condenou os herdeiros ao pagamento de custas e honorários.

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