A auditoria da CGU trouxe à tona ocorrências que já estavam sendo monitoradas, tendo em vista que o Tribunal de Contas da União (TCU) havia feito recomendações semelhantes. Contudo, integrantes dos Correios afirmam que a real problemática é a dificuldade de caixa enfrentada. Desde fevereiro de 2024, a empresa realizou uma mudança abrupta na provisão para ações trabalhistas, reduzindo uma reserva de R$ 1,032 bilhão para apenas R$ 18. Essa alteração foi motivada, segundo a estatal, pela expectativa de compensação com ganhos em outra ação judicial relacionada.
Entre os principais assuntos disputados nos tribunais estão os adicionais de atividade de distribuição e/ou coleta externa e de periculosidade para motoboys, cujos ajustes têm gerado disputas e confusões nas contas da empresa. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) já havia legitimado o pagamento cumulativo desses benefícios, entretanto, a estatal atrasou em atualizar as informações contábeis para refletir as potenciais perdas com esses processos.
A CGU também observou uma falta de robustez nas estimativas de débitos e créditos dos Correios. A contabilidade da empresa se mostra inconsistente, com indícios de que os cálculos estão sendo realizados de forma a favorecer a estatal, resultando em riscos de distorção. Além disso, foram identificadas falhas nos sistemas de controle, incluindo a duplicidade de processos e dados inválidos, o que compromete a confiabilidade das informações gerenciais e contábeis.
Diante desse cenário, a CGU recomendou que os Correios façam aprimoramentos em suas práticas contábeis e nos controles internos, especialmente no que tange ao monitoramento das ações judiciais. Medidas como a instituição de indicadores de eficácia e a criação de um comitê para auxiliar na comunicação entre as áreas jurídica e contábil podem ser fundamentais para restaurar a confiança na gestão das informações financeiras da empresa.
Em suma, as fragilidades apontadas pela auditoria evidenciam a necessidade de reformas profundas nos processos e sistemas dos Correios, que enfrentam um dos momentos mais críticos de sua história. A transparência e a eficiência no manejo das informações financeiras e contábeis são essenciais para que a estatal recupere a credibilidade necessária diante dos desafios que se acumulam em seu caminho.







