O acordo foi anunciado pelo Ministério das Relações Exteriores paquistanês, que afirmou que a trégua foi solicitada pelo governo afegão de Cabul. Entretanto, o Talibã, atualmente no poder em Cabul, defendeu que a iniciativa para o cessar-fogo partiu de Islamabad, condicionando a eficácia da trégua à ausência de novas agressões por parte do Paquistão. Essa troca de acusações destaca a tensão que permeia as relações entre os dois países, especialmente considerando que os confrontos mais recentes foram considerados os mais violentos desde a ascensão do Talibã em 2021.
Os combates mais vigentes resultaram de ataques aéreos e operações terrestres que desestabilizaram uma paz já frágil. Islamabad exigiu que o governo afegão tomasse medidas contra grupos militantes que, segundo os paquistaneses, operam a partir de território afegão. O Talibã, por sua vez, refutou essas alegações, alegando que o Exército paquistanês estava espalhando desinformação e, ironicamente, acusando-o de abrigar militantes do grupo terrorista Daesh.
Adicionalmente, os ataques aéreos paquistaneses atingiram áreas civis na cidade de Spin Boldak e, posteriormente, em Cabul. De acordo com o Ministério da Defesa afegão, pontos residenciais foram atingidos, resultando em um número significativo de feridos, incluindo cinco mortes. Essa escalada de violência culminou no fechamento de diversas passagens na fronteira, interrompendo o comércio bilateral e deixando veículos retidos, complicando ainda mais a já crítica situação econômica do Afeganistão, dependente de suprimentos do Paquistão.
A resposta da comunidade internacional foi imediata, com a China pedindo proteção para seus cidadãos na região e a Rússia apelando por moderação. O governo dos Estados Unidos também manifestou disposição em intervir para ajudar a resolver o conflito. Esta situação ressalta a fragilidade da segurança na região e a necessidade urgente de diálogo entre os dois países, que têm um histórico complexo de relações. O cessar-fogo de 48 horas representa uma oportunidade, ainda que temporária, para que mais esforços diplomáticos sejam feitos e a paz duradoura possa ser alcançada.