Cervejarias Heineken, Kaiser e Ambev envolvidas em esquema de venda de créditos fraudulentos de ICMS, revela nova denúncia do Ministério Público de São Paulo.

E-mails reveladores associados às investigações do Ministério Público de São Paulo (MPSP) indicam que as cervejarias Heineken, Kaiser e Ambev estariam envolvidas em um esquema de venda de créditos de ICMS fraudulentos. Os documentos identificam um grupo de suspeitos que operava um esquema de corrupção fiscal na Secretaria da Fazenda do estado.

Em agosto deste ano, a denominada “Máfia do ICMS” foi desmantelada pela Operação Ícaro, que culminou na prisão de figuras proeminentes como Sidney Oliveira, proprietário da Ultrafarma, e Mário Otávio Gomes, executivo da Fast Shop. Após cinco dias, ambos foram liberados. Recentemente, novas denúncias foram formalizadas, apontando que o esquema poderia ser liderado por Artur Gomes Silva Neto, auditor fiscal sob investigação.

O ICMS, ou Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, é um crédito que as empresas podem descontar de seus impostos, considerando valores que já foram pagos em fases anteriores da produção. A nova denúncia do MPSP destaca uma troca de e-mails de junho de 2022, onde um advogado vinculado ao esquema discute a comercialização de créditos de ICMS pela Fast Shop para a Heineken. Embora não se tenha confirmação de que a transação ocorreu, a cervejaria chegou a apresentar documentos relevantes, indicando que havia negociações em andamento sobre produtos que poderiam facilitar essa cessão de crédito.

Além disso, a Fast Shop é acusada de revender créditos fraudulentos para outras empresas, sendo evidente que a Kaiser e a Ambev também foram alvo dessas propostas. A Kaiser, parte do grupo Heineken, é mencionada novamente nos recentes escritos do MPSP. Em resposta, as empresas afirmaram que todas as aquisições de créditos foram realizadas dentro dos parâmetros da lei, mantendo relações comerciais legítimas.

A denúncia revela que a Fast Shop cedeu à Ambev créditos de ressarcimento que totalizavam R$ 40 milhões, ao que as companhias alegaram seguir a legislação pertinente. Outras redes varejistas, como Oxxo e Kalunga, também foram citadas no âmbito das operações.

O esquema que se desdobra é alarmante: auditores da Secretaria da Fazenda são acusados de receber propinas que totalizam cerca de R$ 1 bilhão, oferecendo “assessorias contábeis criminosas” a empresas em troca de vantagens em ressarcimentos de ICMS. O principal nome envolvido, Artur Gomes, é descrito como um operador que manipulava os ressarcimentos, criando uma rede de transações com valores inflacionados.

Com a continuidade das investigações, fica evidente que o MPSP não poupará esforços para desmantelar essa rede complexa de corrupção fiscal, enquanto as empresas envolvidas tentam distanciar-se desse escândalo com promessas de conformidade legal e ética em suas operações comerciais.

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