Cerca de 5.700 incêndios em vegetação no DF entre janeiro e agosto: ação humana é principal causa, alertam especialistas em meio à seca intensa.

Entre janeiro e agosto de 2023, o Distrito Federal sofreu com um alarmante número de incêndios em vegetação, totalizando 5.696 ocorrências, o que equivale a uma média de quase 23 incêndios por dia. Esses dados divulgados pelo Corpo de Bombeiros do Distrito Federal revelam um agravante no que diz respeito à atuação humana como principal causadora desse problema.

O doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília, Christian Della Giustina, destaca que a maioria dos incêndios tem origem nas ações irresponsáveis das pessoas. As causas variam desde o descarte imprudente de cigarros em áreas com vegetação desprotegida até práticas agrícolas ultrapassadas, como a queima de pastagens. Esse último método, embora ainda utilizado, é amplamente desaprovado pela ciência por suas consequências adversas ao meio ambiente e à biodiversidade local. Além disso, os incêndios criminosos, motivados por atos de vandalismo ou desinteresse pelo bem coletivo, também entram nessa lista preocupante.

Com a vegetação do Cerrado em estado de secura extrema devido às condições climáticas, esses incêndios ganham maior potencial de propagação. O Cerrado, um dos biomas mais ricos em diversidade do Brasil, possui adaptações naturais que o ajudam a resistir ao fogo, como cascas e folhas mais espessas. Porém, a frequência e intensidade dos incêndios que têm sido registradas atualmente superam a capacidade de regeneração da flora local.

A relação entre as atividades humanas e os incêndios não é apenas uma questão de responsabilidade ambiental, mas também legal. Um exemplo recente ilustra isso: um homem foi preso após iniciar um incêndio em um bambuzal no Parque da Cidade, uma ação que poderá levar a consequências severas, conforme prevê a legislação brasileira. A Lei de Crimes Ambientais estipula penas que podem variar de dois a quatro anos de reclusão para aqueles que incendiariam florestas ou vegetações, além de sanções financeiras. Dependendo do contexto, até mesmo ações culposas, como o descuido de descartar uma bituca de cigarro, podem resultar em penalizações.

Para mitigar essa situação preocupante, o Corpo de Bombeiros do DF apresenta uma série de recomendações para os cidadãos, especialmente em períodos de seca. Essas orientações incluem evitar o uso de fogo em limpezas e terrenos, conhecido como queimadas, e assegurar que qualquer atividade que possa gerar fogo, como acampamentos, seja feita em locais apropriados e que seja devidamente apagada ao final do uso. Além de respeitar as normas de convivência com a natureza, é vital que cada cidadão compreenda sua responsabilidade no manejo e proteção do meio ambiente, contribuindo para a preservação do Cerrado e da biodiversidade que nele habita.

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