A aprovação do PL foi imbuída de tensões políticas, refletindo a dificuldade do governo em manter uma coalizão sólida no Congresso. Dos votos favoráveis, cerca de 60% vieram de partidos que compõem a própria Esplanada dos Ministérios, o que destaca fissuras significativas na sustentação parlamentar de Lula.
Este cenário tornou-se ainda mais complicado diante da recente operação policial no Rio de Janeiro, que resultou em 121 mortes e interrompeu a recuperação da imagem pública do presidente. A segurança pública virou um tema central nas discussões, sendo utilizado por grupos como o bolsonarismo e o Centrão como uma estratégia contra a atual gestão. Enquanto isso, aliados de Lula clamam por atenção à justiça tributária e a programas sociais.
Apesar de ser considerado prioritário pelo governo, o projeto foi conduzido pelo relator Guilherme Derrite, do PP-SP, e pelo presidente da Câmara, Hugo Motta, do Republicanos-PB, o que gerou desconfiança nas fileiras palacianas. Durante a sessão, embates acalorados se tornaram comuns, com acusadores de ambos os lados sinalizando a quebra de confiança entre a administração Lula e aliados na Câmara.
Diversos deputados, incluindo representantes do PT, expressaram a opinião de que o relatório final favorecia o crime organizado e desprezava a necessária proteção à Polícia Federal. Contudo, Motta se posicionou publicamente em defesa do projeto, afirmando que ele representa uma das respostas mais firmes já dadas pelo Parlamento no combate ao crime organizado. Essa reviravolta legislativa não apenas reafirma a relevância do Executivo, mas também levanta questões sobre o equilíbrio de poder entre as esferas do governo e a sua capacidade de governabilidade efetiva diante de um Congresso altamente polarizado.









