Elias Tavares, um respeitado cientista político, analisa essa nova dinâmica e discute como os votos dos seguidores de Bolsonaro podem ser redistribuídos nas eleições vindouras. Ele sugere que, apesar do desvanecimento do apelo pessoal de Bolsonaro e a diminuição do poder de coesão do PL (seu partido), a legenda ainda se mostra uma força considerável no Congresso. No entanto, ele ressalta que a força dessa bancada dependerá mais de líderes regionais e menos de uma figura centralizada e influente como foi em 2022.
Neste contexto, Tavares enfatiza o papel do Centrão, classificando-o como um “pêndulo” no cenário político, que se adapta conforme as conveniências eleitorais. Ele aponta que esse grupo tem habilidade em dialogar tanto com o eleitorado mais conservador em busca de espaço após a saída de Bolsonaro quanto com as políticas governamentais, como a isenção do Imposto de Renda. Essa estratégia visa angariar os votos de uma classe média assalariada e dos pequenos empreendedores do setor agro.
A análise também toca no conflito interno entre figuras destacadas da direita, como Eduardo Bolsonaro e Tarcísio de Freitas. Tavares não vê essas divergências como uma fragmentação, mas sim como uma diversidade de estilos políticos que podem coexistir e até se unir em um segundo turno, caso Tarcísio seja o candidato.
A possibilidade de uma unificação dos partidos de direita é considerada essencial. Uma dispersão de candidaturas poderia favorecer o PT, que já possui um candidato firme para a corrida, intensificando a pressão sobre a direita para consolidar suas bases. Tavares sugere que o ideal seria uma frente ampla que reúna PL, Republicanos, PP e União Brasil em torno de um único nome para enfrentar a candidatura de reeleição de Lula.
Por outro lado, a questão da anistia, que poderia mobilizar a base de apoio de Bolsonaro, perdeu força, segundo Tavares. O esvaziamento das manifestações populares e a desconexão entre o eleitorado e essa pauta indicam que a discussão política deverá se centrar em aspectos mais técnicos e menos emocionais, como a dosimetria das penas. Essa mudança favorece mais o Centrão do que a esquerda, pois a busca por consolidar posições e propostas pragmáticas se intensifica.
Em suma, o cenário político para 2026 é complexo e volátil, com a direita necessitando de uma estratégia clara para reconquistar os corações e mentes de um eleitorado em busca de representatividade na ausência de Bolsonaro. O sucesso nas próximas eleições dependerá da capacidade de adaptação das forças políticas às novas realidades e às demandas do eleitorado.









