Celso Amorim destaca liderança de Lula no cenário global e afirma que Brasil é fundamental no “sul global” durante entrevista à Folha de S. Paulo.

Em uma recente entrevista, Celso Amorim, assessor especial da presidência brasileira para assuntos internacionais, destacou o papel crucial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no cenário geopolítico contemporâneo. Amorim enfatizou que Lula se apresenta como uma figura proeminente em meio a transformações significativas no panorama global. Ele confirmou que Lula realizará visitas à China e à Rússia em maio de 2025, encontros que incluirão diálogos com líderes como Xi Jinping e Vladimir Putin.

Amorim argumentou que essas visitas não implicam um posicionamento hostil em relação aos Estados Unidos, mas sim apresentam uma afirmação da soberania do Brasil, que se reivindica como uma nação do Sul Global. O ex-chanceler também ressaltou a necessidade do Brasil se distanciar de qualquer forma de subordinação, afirmando que um dos grandes desafios do país atualmente é não ser “colônia de ninguém”.

A recente reeleição de Donald Trump e suas implicações para as relações entre Brasil e EUA também foram abordadas. Amorim mencionou que o governo americano está focado em várias prioridades, mas a questão das tarifas terá que ser discutida entre os dois países. Ele sugere que o Brasil deve adotar uma postura de reciprocidade diante das taxas impostas por Trump, destacando que não se pode realizar ações prejudiciais ao próprio país em conversações comerciais.

O assessor fez críticas à postura ideológica que prevaleceu durante o governo Bolsonaro, observando que a atual configuração política permitiu um esvaziamento dessas questões, especialmente em um cenário onde Trump respeita o poder estabelecido e busca defender os interesses americanos sem sutilidades. Ao discorrer sobre a invasão russa à Ucrânia, Amorim observou que o novo Trump não se preocupa em alegar defesa da democracia, mas sim em priorizar os interesses dos EUA.

Amorim também destacou que, enquanto o Sul Global se fortalece, a Europa parece confusa em sua posição diante do novo alinhamento geopolítico que se desenha. Ele criticou a dependência europeia do “guarda-chuva” americano, chamando a atenção para a necessidade de uma mudança de mentalidade no continente.

Por fim, o ex-chanceler expressou preocupações sobre a liberdade de expressão e direitos humanos sob regimes de direita, mas reiterou que o Brasil não abrirá mão de sua soberania em relação às big techs. Segundo ele, qualquer empresa desejando operar no Brasil deverá respeitar as regras estabelecidas para proteger seus cidadãos, ressaltando a importância da soberania nacional em tempos de mudanças globais.

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