A recusa de Ali, na época campeão mundial dos pesos pesados, em se alistar nas forças armadas foi considerada um ato de coragem e resistência contra a política externa americana e o recrutamento militar compulsório. Ele fez uma declaração marcante: “Não tenho nenhuma rixa com os vietcongues”, que se tornou um lema para muitos que se opuseram ao conflito. Como resultado de sua decisão, ele enfrentou sérias consequências, incluindo a condenação por evasão de recrutamento, a perda de seu título e um afastamento de três anos dos ringues.
O cartão de alistamento, que traz o nome de nascimento de Ali, Cassius Marcellus Clay Jr., infelizmente grafado de forma errada como “Marsellus”, é assinado pelo presidente do conselho de recrutamento de Louisville, sua cidade natal. Após sua conversão ao islamismo, Clay adotou o nome Muhammad Ali e se tornou uma voz ativa no combate ao racismo e na defesa dos direitos civis. Em 1971, a Suprema Corte dos Estados Unidos reverteu a condenação de Ali, reconhecendo seu direito de objeção por motivos religiosos. Essa vitória não apenas restaurou sua carreira boxística, com uma famosa luta contra Joe Frazier, mas também cimentou sua posição como um símbolo de resistência e defesa da justiça social.
Atualmente, o cartão está em exibição no Rockefeller Center, em Nova York. A filha de Ali, Rasheda Ali Walsh, destacou que o leilão de seu pai representa uma maneira de preservar seu legado e enfatizou a importância de sua coragem em tempos desafiadores. A casa de leilões descreve o documento como um “item único associado a um evento histórico que transcende o esporte”.
O leilão, que está aberto por mais uma semana, iniciou com lances a partir de £2,24 milhões (aproximadamente R$ 16,2 milhões), e o resultado final deverá ser divulgado no final do mês.
Muhammad Ali, nascido em 1942 em Louisville, Kentucky, é consagrado como um dos maiores boxeadores de todos os tempos. Além de seus triunfos no ringue, ele foi reconhecido pela sua eloquência e ativismo. Ali foi nomeado “Personalidade Esportiva do Século” pela BBC e “Esportista do Século” pela Sports Illustrated. Sua vida e legado continuam a inspirar até hoje, mesmo após seu falecimento em 2016, quando cerca de 100 mil pessoas se reuniram em sua cidade natal para prestar homenagens a um dos maiores ícones da história.