Carrefour suspende compra de carne do Mercosul em apoio a agricultores franceses em meio a protestos contra acordo de livre comércio com a UE.

A Carrefour, a maior rede de supermercados da França, anunciou recentemente a suspensão da compra de carne proveniente dos países do Mercosul, que inclui Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai. Essa decisão foi motivada por um desejo de solidariedade aos agricultores locais que estão se manifestando contra um possível acordo de livre comércio entre a União Europeia e o bloco sul-americano, o que gera preocupação acerca da concorrência desleal enfrentada pelos produtores franceses. O CEO da Carrefour, Alexandre Bompard, expressou sua posição nas redes sociais, afirmando que essa iniciativa visa inspirar outras empresas do setor alimentício a tomarem ações semelhantes.

A medida foi acompanhada de uma carta endereçada ao líder do sindicato agrícola francês, Arnaud Rousseau, reforçando o compromisso da empresa com os agricultores do país. A França, reconhecida por seu protecionismo, é um dos principais obstáculos à assinatura do acordo entre a UE e o Mercosul, cujas negociações estão em andamento há várias décadas. O sentimento protecionista é amplamente presente na sociedade francesa, principalmente entre os agricultores, que temem a concorrência de mercados como o brasileiro, onde a produção é muitas vezes mais competitiva em termos de custo.

Reagindo a essa declaração, a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) emitiu um comunicado lamentando a postura de Bompard, ressaltando que o Mercosul é um dos grandes fornecedores globais de proteína animal e que a carne brasileira atende rigorosos padrões de qualidade e sustentabilidade, reconhecidos internacionalmente.

A aversão à concorrência externa gerou protestos em massa de agricultores em diversas regiões da França, que vêm se reunindo para demonstrar sua insatisfação com as condições atuais do mercado e com as negociações em curso. O presidente francês, Emmanuel Macron, afirmou que seu governo não concordará com os termos propostos do pacto, enquanto os agricultores cobram ações mais efetivas do Executivo, como a redução da burocracia e promessas de verbas que ainda não foram cumpridas.

A recente intersecção entre as políticas comerciais e as movimentações sociais evidencia um momento delicado para o setor agrícola francês, que se vê em um embate entre a proteção local e a globalização, em meio a um cenário de mudanças que pode afetar ambas as partes.

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