CARGO COBIÇADO – Presidente dos Correios pede demissão após prejuízos e pressão política; Centrão disputa comando da estatal

Em um desdobramento significativo na liderança dos Correios, Fabiano Silva entregou sua carta de demissão ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, após enfrentar intensa pressão para deixar o cargo. A empresa, que registrou um prejuízo de R$ 1,7 bilhão no primeiro trimestre deste ano, tem sido o foco de atenção do Centrão, que busca influência sobre a estatal. A carta de renúncia foi entregue ao chefe do gabinete pessoal do presidente, Marco Aurélio Santana Ribeiro, no Palácio do Planalto. Lula, que atualmente participa da Cúpula do BRICS no Rio de Janeiro, deverá oficializar a demissão em uma reunião prevista para a próxima semana.

Davi Alcolumbre, presidente do Senado, está profundamente envolvido na tentativa de posicionar aliados em postos chave como os Correios e o Banco do Brasil. Em conversas com Lula, Alcolumbre expressou interesse na troca de lideranças, embora a presidente do BB, Tarciana Medeiros, continue bem avaliada e segura em seu cargo até o momento.

O impacto financeiro negativo dos Correios, exacerbado pelas mudanças implementadas por Silva, gerou atrito com setores de transporte e membros do Congresso. Fontes indicam que o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, também apoiava a substituição de Silva. Recentemente, ambos se desentenderam sobre um plano de redução de custos que propunha demissões e fechamento de agências, intensificando a crise administrativa.

Os dados financeiros mostram que os Correios concluíram 2024 com um prejuízo acumulado de R$ 2,6 bilhões, um aumento expressivo em comparação com os R$ 597 milhões do ano anterior. Esse cenário desencadeou frustrações generalizadas, com Silva atribuindo parte das dificuldades à “taxa das blusinhas”, uma cobrança sobre importações internacionais. Além disso, ele citou a “herança” de desafios do governo anterior como um fator que contribuiu para a situação crítica da estatal.