Becciu foi investigado por fraude desde 2021 e, em 2022, a imprensa italiana divulgou gravações de uma conversa telefônica do cardeal com o Papa Francisco, realizada sem o consentimento do Pontífice, na qual Becciu tentou fazer o religioso argentino confirmar que havia aprovado movimentações financeiras suspeitas. A gravação foi realizada três dias antes do início do julgamento de Becciu, enquanto Francisco se recuperava de uma operação no cólon feita naquele mês.
O telefonema revelou o pedido de Becciu para que o Papa confirmasse que havia autorizado o desbloqueio de fundos para libertar uma católica colombiana detida por um grupo ligado à Al-Qaeda no Mali. O áudio não foi tornado público na íntegra, mas uma audiência no Tribunal Penal do Vaticano expôs sua existência.
Além disso, Becciu contratou Cecilia Marogna como consultora de segurança por 575 mil euros, parte dos quais foi transferida para a conta de sua empresa na Eslovênia e parte entregue em dinheiro vivo. Os promotores alegam que Marogna gastou os recursos que deveriam ter sido usados para libertar padres e freiras mantidos como reféns no exterior em hotéis e artigos de luxo.
O cardeal, que foi afastado do cargo e destituído dos direitos de cardeal em setembro de 2020, nega que os donativos tenham sido usados para a compra de um edifício em Londres, alegando inocência.
Becciu é o primeiro cardeal de tão elevada posição na hierarquia da Igreja Católica a ser condenado e seu julgamento continua com depoimentos de testemunhas-chave. Desde julho de 2021, várias pessoas passaram pelo Tribunal Penal do Vaticano devido a acusações de fraude, abuso de poder, desvio e lavagem de dinheiro, corrupção e extorsão.
A condenação de Becciu marca um momento sem precedentes na história recente da Igreja Católica e gera consequências significativas para a instituição, que está envolvida em um escândalo financeiro e operações controversas de alto nível. O caso segue em desenvolvimento e tem despertado grande interesse da mídia e do público em geral.
-
-
-
-
